segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Longe das Águas Seguras

Por Rosangela Brunet
"As águas claras da lagoa mais próxima estão tão distantes da minha sede que eu resolvi negociar com a tempestade."
(Antônio Marcos P. da Silva)
Herman Gustav af Sillen (Swedish, 1857-1908)
  

O conforto das tempestades repousa nos encontros com a verdade ventando justiça; assustando os fantasmas que nos paralisam na calmaria; vem anunciando novas estações e lavando nossas agonias .Sua fúria não basta pra nos desdizer o impronunciável frente aos que anoitecem.Não naufragam os que carregam sentidos de esperança navegando nela, pois descansam suas coragens nos alicerces delicados da fé. A alma nela não desfalece frente ao inesperado,pois encontra em seus recantos , descobertos de incertezas antigas, tudo que a noite deixou de amanhecer. "
O conforto da segurança nem sempre dura muito tempo.Esta frágil película do acaso, estranhamente nos atravessa , e , desarticula toda resistência guardada profundamente no verniz das aparências.Face a face com o inesperado absurdo da vida , me esbarrei com uma bela surpresa da ilusão. Experimentei uma colisão de fantasias amparadas por um sonho, que fazia tempo, que eu não reconhecia .Desembrulhei minhas esperanças, dei passagem pro destino , me deixei levar pela maior ficção e engano possível de se permitir viver. Foi um combate imprevisto como duas tropas em marcha , um embate como dois faróis acesos, duas malas esquecidas; eram duas balas perdidas , dois errantes destinados ao fim.
Obra de Dmitry Kochanovich. "Pause"

Confluência de rios achados no meio das águas revoltas .Ponto de articulação de ideias esquecidas , um súbito momento de acerto de contas. Uma procura ,um desencontro se entregando ao engano, diante de uma visão que insistia em existir . Não sei explicar, mas acho que foi só o tempo que parou para aquela historia passar. Foi um agitado momento enganando meus medos; foi só o mar ;foi só vento irado com a calmaria do luar, foi só um jeito da vida me mostrar a eternidade naquele olhar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Eu

Por Rosangela Brunet "O meu mundo não é como o dos outros: quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia...