terça-feira, 22 de setembro de 2015

Palavras São Distrações

Por Rosangela Brunet
"...assim como o espaço em branco é importante no poema, assim como a pausa organiza a música, o saber pode brotar do silêncio. O jorro contínuo de palavra pode ostentar apenas ansiedade. O conhecimento pode se instalar no entreato.O silêncio também fala. É isto que se aprende durante as ditaduras. E por outro lado, durante as democracias se aprende que o discurso nem sempre diz. Portanto à audácia de desaprender o aprendido, soma-se a astúcia do silêncio."
Affonso Romano Sant’Anna Em Um "Discurso proferido no Palácio Capanema."

Obra de Alonso Pereira 
"O silêncio numa vibração Inatingível é habitação do inominável.Como um véu ladeando o impronunciável , não há quem o interprete. Pois, é ausência dos ruído das certezas .Noite de palavras.Sossego do pensamento repousando sobre a impossibilidade do dizer .Conhece a inação dos movimentos atravessando os dias sombrios, fazendo nascer ,assim, o desconhecido. E a paixão sempre será sua aliada, pois quando tudo termina , somente ela se sustenta nessa dimensão.O silêncio é misterioso oceano submerso.As palavras são distrações. É preciso se livrar delas .O que me importa é o inominável , o que eu anseio mesmo é o impronunciável. O silêncio, o não-dito, os entrecortes da fala, o significante do desejo , os desvios anunciando o vazio , o "não-saber' se estruturando sobre o inesperado. Que seja bem(dita) a palavra!! "Mas preste atenção no que eu não digo"
Quando a cena é muda a alegria é bonita só de existir, e a coragem espontânea se apresenta , visitando a paisagem cheia de felicidades antigas. Ali os meus olhos tem todos os sonhos que não cabem em mim , e cintilam surpresas anunciando futuros, porque ali habitam os que ousam amar enquanto não falam.

" Toda arte é uma forma de literatura, porque toda arte é dizer   qualquer coisa. Há duas formas de dizer - falar e estar calado. As artes que não são a literatura são as projeções de um silêncio expressivo. Há que procurar em toda a arte que não é literatura a frase silenciosa que ela contém, ou o poema, ou o romance, ou o drama."Fernando Pessoa 

Caricatura de Tullio Pericoli, Personaggi Illustri, Lisboa, Istituto Italiano di Cultura, 1988. 




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