quinta-feira, 19 de junho de 2014

Arquétipo Sombra

Por Rosangela Brunet


Todo mundo tem uma sombra e quanto menos ela se incorporar a sua vida consciente mais escura e densa ela será.Aquilo que não fazemos aflorar á consciência aparece em nossas vida como destino.De qualquer modo, ela forma uma trava inconsciente que frustra nossas melhores intenções" (Carl Gustav Jung)
O inconsciente é um universo habitado por um "outro" DESCONHECIDO" , e nele estão submersas lembranças, palavras estruturadas, representadas, esquecidas e significadas, Nele a infância ainda existe plena e intacta .É o paraíso dos significantes pairando sob o não-dito que denúncia um sujeito desconhecido de si mesmo.Ali desvenda-se as relações primárias vindas de um sistema familiar que forma hoje um mundo a ser revelado.Nesse lugar os costumes e os discursos se reverberam permeando as escolhas do sujeito ao longo de sua vida, fazendo-o percorrer caminhos nem sempre satisfatórios e com resultados muita vezes negativos..Isso ocorre,muitas vezes, por não estarmos conscientes desse "outro" e de seu poder sobre nós.
O inconsciente possui esta tecelagem interior compostas de traços genéticos transmitidos de geração a geração.Percorrer esse lugar é uma aventura corajosa para aqueles que estão dispostos a enfrentar seus fantasmas e encontrar o centro maior de sua potencialidade.
© Mancini Lorenzo. Tous droits réservés - All rights reserved.

Carl Gustav Jung diria que neste processo , as sombras estariam sendo desvendadas e integradas nos tornando mais plenos . A arte auxilia neste processo desbravando este caminho de mistérios .Acho que por isso o mesmo Gullar dizia que" a arte existe porque e vida não basta. Este processo é possível o fazer artístico se conecta com os arquétipos evocando imagens que revelam representações recalcadas e reprimidas, onde a pessoa preferiu esquecer.Se elas se tornam conscientes pelas imagens representadas na obra de arte, o sujeito integra suas sombras e se torna mais pleno e vai se aproximando mais de seu "verdadeiro eu"(Si Mesmo)
A frase de Ferreira Gullar poderia representar esta experiência de conscientização quando diz: "Se sabe de repente". Em seu fazer artístico " de repente ", ele se da conta de uma parte que lhe era desconhecida (inconsciente) .A Gestalt chama isso de "Awareness" : tomada de Consciência daquilo que estava no inconsciente ou fazia parte do pano de fundo de um cenário interno em nossas construções psíquicas ou do mundo externo.
Awareness é focar, virar a atença para, encontrar a forma que estava em aberto. Existe em todo ser humano uma hierarquia de necessidades que precisam ser satisfeitas.Todo organismo viver em busca de equilíbrio(homeostase), e essas necessidade vão se manifestando hierarquicamente na medida em que cada necessidade vai sendo satisfeita. Isso é fundamental no processo de desenvolvimento do indivíduo. A awareness não é estática, é um processo de orientação que se renova a cada instante na medida em que a pessoa vai entrando em contato com o mundo , com seu ambiente e com sua existência
Gerardo Nardiello - "Incomprensione"
"A awareness é eficaz apenas quando fundamentada e enrgizada pela necessidade atual dominante do organismo. Sem energia, entusiasmo e emocionalismo do organismo, sendo investido na figura emergente, a figura não tem significado, poder ou impacto.Expandir-se é estar consciente do que se passa dentro e fora de si no momento presente, em nível mental, corporal e emocional.Representa o autoconhecimento. A pessoa consciente sabe que tem alternativas e escolhe a melhor para o momento.É aceitação da realidade possível, realidade que ela pode contatar." César Galli

Segundo Carlos Antonio Fragoso Guimarães "a sombra é um  elemento fantasmático, região do espaço cuja penumbra é provocada quando a luz é impedida de fluir por um objeto... a sombra possui os contornos do mesmo objeto, sendo sua projeção negativa, inevitavelmente ligada a ele... Na psicologia junguiana a sombra é a representação arquetípica de tudo o que temos, potenciais bons e maus, que não reconhecemos como sendo nosso, mas que nos segue onde quer que vamos e que geralmente projetamos em outras pessoas...O psicanalista suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) criou alguns dos conceitos de psicologia mais populares (apesar da resistência dos freudianos). Conceitos como “complexos”, indivíduos “introvertidos” e “extrovertidos” e “inconsciente coletivo” são de sua lavra. Ele também propôs que o comportamento humano possui linhas de reconhecimento universal e que são transcritas, metaforicamente, nos mitos e contos de todo o mundo, independente de tempo e cultura. A tendência do desenvolvimento de capacidades, dificuldades ou a possibilidade de uma clivagem polar que todos temos (bem e mal, sapiência e demência, etc.) são expressas figuradamente em histórias folclóricas, mitos, sagas religiosas e contos de fada.
Cena do Filme "O Cisne Negro "
Na história de “O Lago dos Cisnes”, que foi musicada e, assim, imortalizada pelo compositor russo Piotr Ilich Tchaikovsky (1843-1893), vemos essa polaridade na presença de Odette, a ingênua e romântica princesa que é transformada em um cisne branco, e Odile, sua irmã gêmea, a maliciosa, sedutora e malvada rainha dos cisnes, e que é o cisne negro. Uma e outra personagem são metáforas das polaridades internas extremas e dos potenciais que todos possuímos, mas que, aqui, se inserem mais na questão do desenvolvimento da psique feminina. A menina sonhadora que desperta para o desejo, à competitividade, ao processo de enfrentar desafios. Quanto mais conscientemente uma dessas polaridades é hipertrofiada, o mesmo ocorre com a outra, mas de modo inconsciente, o que pode causar um conflito psicológico que, em casos extremos, leva ao surto psicótico. Esta ocorrência, que Jung tão bem estudou, foi transposta para as telas em um dos mais notáveis (e raros, dentro do padrão comercial hollywoodiano) filmes dos últimos tempos: Cisne Negro (Black Swan), de Darren Aronofsky, com a esplêndida Natalie Portman no papel da, inicialmente, frágil bailarina Nina.
No filme, Nina é uma bailarina dominada pela mãe frustrada e que faz de tudo para se destacar no corpo de baile. Assim, quando surge a chance de interpretar as gêmeas opostas de “O Lago dos Cisnes”, Nina se entrega totalmente ao projeto. Super controlada pela mãe, insegura, emocionalmente reprimida e sem amigos, Nina dedica-se exclusivamente ao balé, buscando uma perfeição exagerada que se reflete no controle exacerbado da alimentação e do controle do corpo que ela trata como instrumento – a única forma de contato mais íntimo (e já sintoma neurótico da alienação que se estabeleceu entre o desejo consciente de perfeição e repressão dos sentimentos, que tentam gritar a partir do inconsciente) é a auto-mutilação que ela exerce inconscientemente sobre si mesma, por arranhões.
Pressionada por seu coreógrafo e diretor Thomas (Vincent Cassel), Nina será questionada, mais uma vez, a demonstrar suas capacidades, já que sua fragilidade ingênua - que é perfeita para o papel de Odette - comprometeria a interpretação de protagonista de “O Lago dos Cisnes”, pois Nina também deve desempenhar o papel da Rainha dos Cisnes, Odile. Nina, então, é desafiada pela própria vida, pelo seu próprio mundo, a entrar em um acordo com sua psique polarizada entre a “persona” consciente, o papel de menininha da mamãe, e a sua sombra: a mulher sedutora, violenta, que ela reprime no inconsciente. Nina é a atualização contemporânea da figura mítica de Perséfone: sua mãe é uma Démeter que tenta controlá-la e ver nela a bailaria que não foi e isso impede o desenvolvimento de Nina. Logo ela terá de enfrentar as forças psíquicas represadas em si, seu próprio Hades: Nina precisa integrar, reconhecer-se em sua própria profundidade, sentir seus elementos aparentemente “negativos” se quiser atingir a perfeição (metáfora da individuação). Ela tem de desempenhar simultaneamente o cisne branco (símbolo da pureza e ingenuidade) e o cisne negro (metáfora para a malícia, sensualidade e maldade). Ou seja, Nina teria de unir, na prática, sua própria psique fraturada entre a “menina” meiga e passiva, cujo quarto é cheio de ursinhos de pelúcia, e a mulher que é/foi reprimida pela mãe e por ela mesma, Nina. O desafio da individuação, contudo, não é isento de perigos.
O Cisne Negro é, portanto, o desafio do encontro de Nina com sua própria sombra, ou, seja, segundo Jung, com todos os elementos que possuímos mas que são reprimidos, que não reconhecemos como sendo nossos. A questão da projeção interna no meio externo fica sugerida várias vezes pela presença de espelhos sempre presentes ante Nina. Sua maior rival no corpo de baile, a sensual e desinibida Lily, papel desempenhado pela brilhante atriz Mila Kunis, é ao mesmo tempo seu alter-ego, a pessoa que estimula a eclosão do “Cisne Negro” em Nina. Na verdade, as duas belas bailarinas acabam sendo expressões de Odile o Odette ao nível da disputa real, embora, na mente conturbada de Nina, Lily acabe por apresentar traços mais fortes do que realmente possui.
Está claro que Aronofsky em seu filme discorre sobre a fragilidade e o tênue equilíbrio da mente humana, bem como as forças que se desencadeiam no palco psíquico quando uma perturbadora ambição a move em busca de um sonho, mas o faz de uma maneira ao mesmo tempo cruel e poética, o que mexe com a psique da maioria das pessoas que assistem o filme, atingidas, inconscientemente, pelos elementos expostos e que repercutem na própria sombra, na própria polaridade consciente/inconsciente, na dualidade do bem/mal de cada um.
Na busca pela perfeição e na tentativa de provar a Thomas que é capaz de desempenhar o papel (e, inconscientemente, de integrar e expor seu lado mais selvagem), Nina é conduzida de tal forma pelo enredo e pela busca da perfeição que não consegue perceber que isso está liberando todo o seu mundo de elementos reprimidos, que explode de tal modo que ela já não consegue perceber mais os limites entre sonho e realidade. Aos poucos, seu destino se sobrepõe ao enredo de “O Lago Dos Cisnes”. A música de Tchaikovsky, dramática e bela, é quase como uma expressiva contrapartida de sua metamorfose, elemento sonoro envolvente que “narra” e expressa a tempestade íntima de Nina, e que é indispensável à trama. A sombra de Nina, exemplificado pela essência de sua feminilidade, aflora e toma conta de sua personalidade sem que ela consiga controlá-lo. Dá-se inicio a uma metamorfose que expressa aquilo que acontece com muitas pessoas que sucumbem à emergência do material inconsciente pela psicose. No caso de Nina, vemos que tal emergência conduzirá a protagonista a conflitos que a levam a um destino perturbador e extraordinariamente poético, apesar de trágico, numa interpretação arrebatadora de Natalie Portman. O Filme “Cisne Negro” é uma aula de psicologia e cinema, de poesia dramática e filosofia, indispensável ao estímulo do pensar sobre a vida."[6]

O lado sombrio de nossa personalidade é a parte que normalmente fica escondida, mas às vezes ela salta e nos pega de surpresa. Por que é que pessoas mais calmas brigam e xingam ao dirigir no trânsito? Por que cidadãos bons e virtuosos comentem crimes passionais? - Jung tinha uma resposta: "Todos nós carregamos uma sombra".Instituto C. G. Jung M


Obra de Regina Silveira 


A luz da psicologia analítica sombra é um arquétipo construído através da experiência pessoal.É a parte do ego mais sombria e animalesca . Nelas estão contidas todos os atividades e desejos não aceitáveis pela sociedade e nem por nós mesmos. Mas é necessário que a sombra seja integrada ao nosso ser e não evitada, pois ela é responsável por parte do nosso 
desenvolvimento humano. 
Segundo Renato Santiago " Diferentemente da persona, a sombra é o nosso aspecto mais oculto e negro, são todas as experiências de cunho negativo a qual de uma forma ou de outra a reprimimos, porém apesar do nome talvez causar uma certa desconfiança ao leigo, devo clarificar que a sombra se refere ao nosso polo negativo, não necessariamente algo traumático.

"Confrontar uma pessoa com a própria sua sombra é mostrar-lhe sua própria luz. Uma vez que se tem experimentado algumas vezes o que é ficar julgando entre os opostos, a pessoa começa a compreender o que significar o si mesmo. Qualquer pessoa que percebe a sua sombra e sua luz simultaneamente vê a si próprio de dois lados e, assim, fica no meio" Carl Gustav Jung
Obra de Regina Silveira


  Outra  explicação sobre o tema é a  de Stein (2006, p. 97) quando diz que: "A Sombra é a imagem de nós próprios que desliza em nossa esteira quando caminhamos em direção a luz". Isso afirma o pressuposto paradoxal de que só caminhamos em direção a uma luz a partir da perspectiva de seu oposto, a sombra. Logo, é necessário tal experiencia, já que esta tem muitas vezes a função de colocar-nos em "nosso lugar", e mostrar que não somos deuses, e que temos nosso aspecto negativo, caso contrário pode ocorrer
uma inflação egoica ou até mesmo uma psicose.

Obra de  RashadAlakbarov
"As obras de Alakbarov só podem ser vistas de um determinado ponto de vista. A partir de projeções indiretas de luz, o aglomerado de objetos ganham formas nas paredes das instalações surpreendendo quem olha as imagens do ponto certo. A preferência do artista por objetos translúcidos torna ainda mais vivo o feito, que cresce em dimensão com a passagem da luz pelas garrafas plásticas e pedaços de acrílico usados por RashadAlakbarov(...) Mas o que faz o sua arte efetivamente provocativa são as oposições: não só no caso da luz contra a sombra, mas também por existir beleza no caos originado a partir da sua reflexão....SOMBRA: parte de uma superfície que deixou de receber luz porque entre ela e o foco luminoso se interpôs um corpo opaco (sombra projetada ou produzida por este corpo)"[4]
Obra de Rashad Alakbarov
"Jung entendia a psique simbolicamente como uma esfera, onde nossas fronteiras conscientes são delimitadas, mas nosso mundo interior é como um labirinto que possui muitas armadilhas, mas também onde se encontram os maiores tesouro traçando um paralelo na mitologia com a trajetória do herói. Logo, se a persona é a casca, a máscara, a sombra é um complexo opositor que se encontra mais a fundo, mas ainda sim na periferia(...)  Jung via que o confronto com o inconsciente diz respeito além de tudo, ha um impasse moral, onde a pessoa deve colocar em xeque todas as esferas de sua vida. Em outras palavras, o problema da moral se apresenta psicologicamente quando uma pessoa encara a questão de saber no que ela pode se tornar em comparação com que ela irá se tornar se determinadas atitudes forem mantidas, decisões tomadas ou ações estimuladas sem reflexão. Isso significa também entrar em contato com nossa dimensão mais obscura, encarando a verdadeira face de quem somos.Um filme que ilustra bem o poder que a sombra exerce sobre nossa vida, é o Amigo Oculto onde é descrito um caso de dissociação em que o sujeito pensa ser e agir de uma forma, mas em seus lapsos é e age sob o domínio da sombra. Tal evento segundo a ótica junguiana se dá a partir da enantiodromia (conceito usado por Heráclito que diz respeito a compensação energética onde os lados trocam de lugar temporariamente até que ocorra um reequilíbrio), onde o arquétipo quando muito recalcado, assume o controle da consciencia dominando-a. Isso significa, que não existe como eliminar nossa face oculta sem assim estarmos indiretamente tentando eliminar nossos ideais mais elevados. Por isso Jung expõe que sempre devemos manter um diálogo com nosso aspecto sombrio, não o deixando nos possuir mas dando sempre um caminho aceitável (do ponto de vista ético) a essa nossa dimensão, sendo o Self, muitas vezes o arquétipo de tal integração. Vemos assim que o confronto com nossa sombra diz respeito a estruturação de nosso caráter, e em uma dimensão mais ampla, de nossa personalidade, possibilitando assim que ocorra a individuação, o tornar-se aquilo que se é."[1]
Ao falar de sombra me lembro de Platão que utilizava a sombra para simbolizar aquilo que esta escondido, o que não é aparente, o que não se manifesta por estar debaixo da influência de outros objetos ou situações. É a dialética entre a a aparência e a verdade. Na alegoria da caverna de Platão se sairmos da caverna atingiremos o conhecimento. Sair da caverna, deixar as aparências, se despir de roupagens superficiais, se destituir das ideias ou pensamentos resistentes a mudanças.Confrontar os opostos, conviver com a dúvida, dar lugar ao vazio, e se abrir para o novo.


"Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente" Ferreira Gullar


O Arquétipo "Sombra " em Anjo Caído 
ANJO CAÍDO[3] 
"
Obra de Luis Royo e José Maria Honorato . - Anjo caído
Arte digital - Artista espanhol [1]
(José Maria Honorato . Dezembro de 2003)
"Recostei em meu ombro e aconcheguei minha vida,
Estiquei os passos e percorri minhas veias.Contemplei todo o nada
E andei pela fumaça;admirei cinzas quentes e consultei meu silêncio.
Risquei ninhos no papel e cocei verdades;
Aspirei música do ar e meu coração dançou.Toquei ventos e banhei meus olhos; dei-me um sorriso e gostei do espelho.O chuveiro insinuava, a noite chamava e o lençol seduzia.Arranjei meu dia e conversei com o tempo.A noite sonhou comigo!"
Na obra de Luís Royo Vê-se a figura do anjo que "caiu ", a sombra que não se mostra e se tema,Me parece exatamente a parte do ser que não foi assimilada e, que necessita de se integrada.Na tela é possível observar o quanto as partes se completam e sofrem por não poderem estar alinhadas.Então, ela chora e se agarra nele para reviver sua essência perdida." 
Supostamente, por serem opostos , o que é oculto e negro deveria ser afastado e "cair" como o anjo,mas isso não promoveria a integração deste ser.Os anjos pedidos precisam ser achados dentro de nós.Eles não podem ser evitados como demônios caídos. É preciso trazê-los de volta para podermos reviver enquanto ser. Reprimir não é a saída .O que é negativo pode se tornar material de uma obra prima ainda representada por imagens, letras ou vocações dirigidas pelas pulsões mais escondidas e recalcadas.
É necessário lembrar que "para a Física sombra é uma região escura formada pela ausência parcial da luz, proporcionada pela existência de um obstáculo. Uma sombra ocupa todo o espaço que está atrás de um objeto com uma fonte de luz em sua frente."[2]
E voltando a Stein , como disse Renato Santiago " a sombra funciona como um sistema de espionagem de um pais, onde existe mas ninguém vê, e nosso ego na maior parte do tempo a ignora. Na sombra reside todos aqueles conteúdos que nós não queremos ser pela busca de nosso ideal que é de extrema importância, porém quando uma pessoa se prende a esse ideal de forma a atravancar sua vida, isso pode significar uma defesa, ou resistência a um possível desenvolvimento."
Partindo destas colocações o movimento dinâmico entre persona, sombra e ego é fundamental para a vivência da plenitude.Insistir em negar, reprimir e não querer enfrentar estes conteúdos é ser tolido da mais ampla das experiências humanas: a felicidade de Ser.Então, numa releitura de Honorato "aconchegue mais sua vida esticando os passos e deixando estas impossibilidades percorrerem suas veias.Contemple o nada.Ande pela fumaça;admire as cinzas quentes e consulte seu silêncio. Deixe a verdade te tocar, ainda que ela coce. Seu coração quer dançar, pulsar nos ventos ,mas ele precisa banha seus olho s diante do espelho, nua chamando a noite ,seduzindo a madrugada e negociando com o tempo.Enfim, a noite sonha contigo!" Minha Releitura do Poema "Anjo Caído" na Abordagem Sobre o Arquétipo "Sombra".

Outro exemplo é Dexter, um personagem de uma série da TV americana.Ele investe neste conceito de sombra para dar corpo a suas ações .Ele se aproveita do fato de ser um especialista forense em análise sanguínea e de trabalhar no Departamento de Polícia de Miami,e de forma meticulosa e sem deixar pistas, mata criminosos que a polícia não consegue trazer à Justiça. "Ele organiza seus assassinatos em torno do "Código de Harry", um apanhado de regras e procedimentos desenvolvidos por seu pai adotivo, Harry, para garantir que seu filho nunca seja preso e assegurar que ele mate apenas outros assassinos. Harry também treinou Dexter quanto a interagir convincentemente com outras pessoas apesar de ser um sociopata."
Para Dexter " Todo mundo esconde quem é pelo menos por um tempo, as vezes você enterra alguma parte de si mesmo tão profundamente que precisa ser lembrado que ela ainda esta lá, e as vezes o que você quer, é só esquecer quem você é, por inteiro."
No caso de Dexter podemos abordar aqui dois conceitos Junguianos dominantes nesta sua fala. A "Persona e a "Sombra" .
Persona segundo Ana Cristina Curi "é um termo grego que Carl Gustav Jung introduziu em sua obra psicológica e designa a máscara, a forma como nos apresentamos socialmente. Esse termo, utilizado pelo fundador da Psicologia Analítica, tem sua origem nas máscaras utilizadas pelos atores gregos em encenações das tragédias. Como arquétipo, é uma predisposição psíquica universal que estrutura a experiência da adaptação ao meio. A Persona é a forma pela qual nos apresentamos ao mundo.
Segundo Jean Monbourquette abordando o conceito de Sombra como um arquétipo diz que "A sombra é um desses arquétipos fundamentais e sua formação é mordaz e desagregada.Sua natureza se assemelha avariadas constelações, cada uma delas constituindo um “complexo psíquico Por sua vez, cada complexo é composto por um conjunto organizado de imagens, palavras e emoções, formando uma estrutura autônoma e dissociada do eu consciente. Esta estrutura constitui uma “sub-personalidade” comparável a uma “personagem” de uma peça de teatro, autônoma, independente do encenador e dotada da sua própria personalidade.Estes complexos surgem muitas vezes nos sonhos do homem. Por vezes exercem sobre ele uma influência tão forte que ele se sente literalmente possuído. "
Termino esta reflexão com este show de violino com a música "Shadows"
"A sombra é a imagem de nós próprios que desliza em nossa esteira quando caminhamos em direção a luz".Stein (2006, p. 97)



"Confrontar uma pessoa com a própria sua sombra é mostrar-lhe sua própria luz. Uma vez que se tem experimentado algumas vezes o que é ficar julgando entre os opostos, a pessoa começa a compreender o que significar o si mesmo. Qualquer pessoa que percebe a sua sombra e sua luz simultaneamente vê a si próprio de dois lados e, assim, fica no meio" Carl Gustav Jung
Obra de Vladanovic , "Sombras de Permanência" 4
Conheça a série de Obras sobre 




Fonte de Referências
[1] Renato Santiago ,In http://psi-imaginacao.blogspot.com.br/2009/07/sobre-o-arquetipo-da-sombra.html
[5]http://extra.globo.com/tv-e-lazer/exposicao-de-regina-silveira-420589.html
[6] Carlos Antonio Fragoso Guimarães é professor da Universidade Federal de Campina Grande, psicólogo do Ministério Público (PB) e autor dos livros Carl Gustav Jung e os Fenômenos Psíquicos e Evidências da Sobrevivência.Análise junguiana, do Psicólogo Carlos Antonio Fragoso Guimarães (PB), sobre o filme "Cisne Negro".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Eu

Por Rosangela Brunet "O meu mundo não é como o dos outros: quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia...