Por Rosangela Brunet
“O vazio do desamparo, a partir da Angst, nos possibilita a entrada em uma rede de significações atribuídas através de uma narrativa que justifique o afeto. O sentido se dá pela construção narrativa, histórica e metafísica que dê ao coletivo ou ao individual uma resposta à altura do desamparo sobre a experiência, ao fato. O consolo do desamparo é possível através de uma articulação narrativa e histórica que venha justificar e dar sentido ao vivido. Entretanto, o consolo do desamparo através de um único sentido, de uma narrativa rígida e cristalizada tende a ser defendida como única forma de consolo e é permeada por constante tensão e cisão em relação a outras narrativas de sentido. A rígida ideologia traz consigo um monopólio de sentido, nos mantendo presos em uma única possibilidade de produção de significados. O monopólio de sentido elimina o potencial de autonomia e produção de novas subjetividades do sujeito. Sou a partir daquela única verdade que acolho. O trágico nos evidencia a ausência de sentido, a impotência, a indeterminação, a incerteza. A incerteza está no campo da produção de sentido. A tragédia que eleva o desamparo à uma narrativa ética é aquela que não está ao alcance do que os antigos chamariam de Hamartia (erro, erro de julgamento, o que estaria no nível de um pecado moral grego) e que se trata das leis não escrita da Dike (deusa grega da Justiça). É a tragédia que nos possibilita questionar a relação de um indivíduo com seu desejo e por tal, é justamente ao afirmar o desamparo que nos possibilita tornarmos sujeitos de nosso próprio desejo, de nossa própria tragédia”.( Willian Mac-Cormick Maron. Livro Amor, Desejo e Gozo, pág 232.)
Minha conclusão destes primeiros dias do ano : a importância de estar conectado com pessoas cuja energia tem o poder de nos manter sempre no fluxo da Vida , do Universo e do Amor. Não resistir a Vida.Aceitá-la, acolhê-la e ser grata por tudo. Há um ditado que diz: "Você é a média das cinco pessoas com as quais você convive" .Não conheço o autor. Completando essa reflexão lembrei deste trecho de Lao -Tzu Permite que a tua vida se desenrole naturalmente. Sabe que também ela é um veículo de perfeição. Da mesma forma que inspiras e expiras, há um tempo para estar à frente e um tempo para ser último, um tempo para estar em movimento e um tempo para descansar, um tempo para ser vigoroso e um tempo para estar exausto, um tempo para estar a salvo e um tempo para estar em perigo.Para o sábio, toda a vida é movimento em direção à perfeição; assim, que necessidade tem do excessivo, do extravagante ou do extremo?"
Me lembro de Jung que fala que o alvo é a totalidade, e não, a perfeição. Nos primeiros dias de 2018 já me encontro fazendo mudanças. Tirando minhas mochilas pesadas, meus entulhos emocionais , minhas expectativas elevadas que me roubam a energia, e assustando meus monstros internos. Assim , vou me conectando com a a Vida e com o Amor.
Esse processo se deu no momento em que comecei a não resistir mais a Vida e me acolher.
Depois disso comecei a amadurecer mais e aprender a desidentificar com meu ego e com o que minha mente diz.
Ai comecei a perceber com mais clareza quem são os amigos; me dei conta de quão mais livre me torno quando aceito quem sou e me liberto do desejo do outro, das demandas que me prendem.
Um exemplo emblemático dessa mudança foi quando comecei a abandonar a preocupação com o que as pessoas falavam a meu respeito.. Fui descobrindo quem eram essas vozes externas e internas que me paralisavam e me distanciavam de mim mesma.
O meu mundo se abria,agora, para novas formas de pensar e sentir. Meu universo se expandiu junto com minha consciência.
Se eu puder te sugerir algo, te diria:
Não permita que ninguém te defina;
Descubra quem realmente você é: sua essência;
Se acolha como você, ainda que você ainda esteja no meio de um processo de autoconhecimento;
Não deixe que ninguém te subestime, de faça crer que você não tem valor. Se aceite, se acolha, se respeite ainda que você só veja características negativas em você. Acredite. Essa tua percepção é distorcida. Tem vozes externas * influenciando você.;
Não resista a Vida. Seja Grato.
* Sobre as Vozes externas e Internas : Nosso autoconceito é formado ao longo da vida primeiro pelo contato familiar, depois vem o contato com a escola, amigos, trabalho, e por ai vai...
"Ele tem o gosto do pai" , disse a mãe devoradora com ar de reprovação."
Há pessoas que não se dão bem com elas mesmas, e, por isso, projeta todas as suas dores e insatisfações naqueles que estão ao seu redor .Há pessoas que não são felizes e não gostam de ver ninguém feliz.
Há os sabotadores que não sabem viver e impedem que o outro viva, há tb os co-dependentes emocionais, os manipuladores , abusivos e violentos que invadem o corpo e a alma de quem esta fraco ou não conhecem a si próprios.
Baseado nesses exemplos pessoas vão assimilando ao longo da vida toda negatividade e intolerância que há em seu entorno.É preciso fazer um trabalho profundo de auto acolhimento e autoconhecimento para se tornarem livres desses vampiros emocionais.
ao longo deste processo vai se aproximando de pessoas que te amam, ou melhor, pessoas que sabem te amar como você é, pessoas que não te desprezem ,ou te subestime,etc.
Viva do lado de quem te respeita e te acolhe. Investigue se você não esta em um relacionamento abusivo.Seja familiar ou afetivo.
Finalmente...."Cada corpo seria ao mesmo tempo emissor de desejos individuais e receptor das fantasias alheias.”(Sade)O corpo do outro sempre comporta mais que apenas o outro. Comporta também nossas identificações e projeções. Por isso também a estranheza. Parece básico, mas a moralização do corpo e do desejo do outro aponta para a estranheza do próprio corpo e desejos. O que não controlo ou elaboro em mim, projeto no outro para poder, finalmente, eliminar.O atentado ao corpo do outro é só uma das violências possíveis em uma sociedade que dá vazão à inúmeras perversões. O atentado à identidade é outra.Os afetos buscam se apropriar de um corpo, ganhar o mundo. Querem se realizar em ato e só não fazem quando mediados pela palavra." ( Willian Mac-Cormick Maron)
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