terça-feira, 7 de julho de 2015

Povo Indígenas Xerentes na Aldeia Salto.em Tocantins -Tocantins

Por Rosangela Brunet
Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante...
Caetano Veloso

Arte: Pedro Pereira


O GUARANI
Por Maria das Graças Ferreira Graúna - Graça Graúna - Potiguara

Sepé Tiaraju foi um guerreiro 
defendeu com a vida o rincão 
a caça, a pesca e o plantio 
do guarani contra a invasão 
Da real história poucos sabem 
o que se deu no século dezoito. 
Sepé Tiaraju morto em combate 
em nome da cultura do seu povo. 
Junto a mil e quinhentos guaranis 
afirmando que “esta terra já tem dono”. 
na luta contra o mal ele morreu 
Mas contam lá em São Miguel 
quando a noite parece mais pituma 
o guerreiro Sepé vira uma estrela 
(Nordeste do Brasil, agosto de 2009)

Maissa Ferreira Alves diz que "O contato com o branco, desde o início da colonização, sempre foi prejudicial ao índio e à cultura indígena em geral, pois funciona como elemento destribalizador, provocando perda das terras e dos valores culturais.
Com o tempo, perdeu-se a imensa diversidade cultural que as tribos representavam sem que chegassem a ser estudadas. Por outro lado, adaptados ao seu meio ambiente, não possuindo defesas contra as doenças da civilização, muitos sucumbiram pelas gripes, sarampo, sífilis e outras doenças. Assim, dos milhões que aqui habitavam na época do descobrimento do Brasil, somam hoje 350 mil.
Foram 500 anos onde houve escravidão, catequização, miscigenação e dizimação. Qualquer coisa que se diga sobre os índios do Brasil será pouco. A dívida do branco civilizado para com o indígena é alta e pesada demais.
Mas um fator é positivo e devemos nos orgulhar dele. Um estudo recente do geneticista brasileiro Sérgio Danilo Pena mostrou que 70% dos brasileiros que se dizem brancos têm índios ou negros entre seus antepassados. Ou seja, a maioria de nós tem sangue mestiço.Se não justifica, pelo menos o peso de nossa consciência se torna mais leve, pois somos um povo que trás no sangue a herança das minorias ou indígena ou negra."


                                                                               Fotografia da Wikpédia

Mas ainda existe uma aldeia que esta sendo conservada em Tocantis. Ali eles conservam sua cultura e recebem visitas agendadas .Só entra lá se for agendado,pois eles mantém seus hábitos naturais.Aqui vou falar especigicamente dos Xerentes que é uma aldeia que se localiza em Tocanti.a

Em Tocantins, a modernidade convive em total harmonia com as tradições. Ao mesmo tempo em que a capital do estado, Palmas, é a ultima cidade brasileira planejada do século 20, recebendo como moradores pessoas de todo o país, existe no Tocantins uma população aproximada de 10 mil indígenas. Todos com cultura e tradições muito bem preservadas 

São indígenas de sete etnias: Karajá, Xambioá, Javaé (que formam o povo Iny) e os Xerente, Krahô Canela, Apinajè e Pankararú. Eles se distribuem em mais de 82 aldeias, em municípios de todas as regiões do Estado.Dependendo das peculiaridades e habilidades de cada etnia, os indígenas do Tocantins chamam a atenção pela beleza do artesanato que fazem, pelas pinturas e adornos que enfeitam seus corpos nas festas e rituais ou pela própria simbologia destes eventos seculares.

Apinajé,Krahô,Pankararu,Povo Iny - Karajá,, Xambioá e Javaé e Xerente

"Os xerentes são um grupo indígena que habita a margem direita do Rio Tocantins, próximo à cidade de Tocantínia, no estado doTocantins, no Brasil. Sua população, atualmente, é de quase 1 800 pessoas, distribuídas em 33 aldeias que integram as reservas indígenas Xerente e Funil, com 183 542 hectares de área demarcada. Falam a língua akuwen, pertencente ao tronco linguísticomacro-jê.
Formam, junto com os índios xavantes, o grupo maior dos acuéns1 . São hábeis no artesanato em trançado. Com a palha de babaçu e a seda do buriti, produzem cestas, balaios, bolsas, esteiras e enfeites para o corpo" [1[.
   Segundo  Ivo Schroeder,  "em meados do século XIX, ao norte da cachoeira Funil, em ambas as margens do rio Tocantins, con- frontando ao norte com os Krahô, nos encontramos em território dos Akw Xerente. Eles viveram a ex- periência de Thereza Christina. Data desse período a memória sobre episódios protagonizados pelos Xeren- te e que lançam luz sobre sua realidade atual. São even- tos ligados à sua civilização, quando se veem diante do dilema entre jogar ou aceitar as coisas do branco. Curt Nimuendaju esteve com os Xerente na dé- cada de 1930 e anotou: “de todas as tribos que co- nheci, os Xerente são os únicos com algum senso de solidariedade racial, transcendendo diferenças lin- guísticas e guerras tribais. O deus Sol, Waptokwá, é o pai de todos os índios” (1942, p. 9). Ele traduz Che- rente por akwe kutabi (1929, p. 28), expressão que usam atualmente para enfatizar que alguém é Xerente puro ou verdadeiro. Uma versão da sua origem indica como local o Morro Perdido, próximo ao rio Araguaia. De acordo com Sõware, os membros do clã Krito foram os últi- mos a escolher sua pintura, quando todos já haviam se pintado. Ele esclarece:Foi do Morro Perdido onde se dividiram, Xavante, Xerente. Karajá foi bem daí do Morro Perdido que foi para o Araguaia. Assim foi toda a nação, tava tudo ali no Morro Perdido. Foi ali que dividiram, Krahô, outras nações, tudo. Então é toda a nação, mas quem ficou em Morro Perdido foi os Xerente e ainda hoje está perto. (Dezembro, 2003)"[3]



Veja as fotos abaixo de Alyson Soares da Rocha  do Zootecnista a que foi trabalhar em   Tocantins e levou sua esposa e filha de oito anos para conhecer a  Aldeia Salto,Ele aproveitou e  fez este magnífico  Ensaio Fotográfico para registrar a emocionante vida deste povo que resistiu a violência dos poderosos, e a invasão da civilização.Eles não deixaram se dominar. Primeiramente eles aprendem a lingua de origem, depois são alfabetizados  em poortugês


Vale ver o artigo. Contribuição de minha sobrinha Suzana Brunet seu marido Alysson da Rocha que fez o Ensaio Fotográfico.Para completar levou sua filhinha de oito anos para conhecer e participar da cultura deles .É lindo esse exemplo deles, e as fotos estão lindas magníficas.

Fotografia de  Alyson Soares da Rocha
Fotografia de  Alyson Soares da Rocha



 “Os índios estão morrendo?”
Por Yolly Sabrina Marques Lima - Taurepang

Não, não estamos apenas morrendo,
Estamos sendo assassinados,
Estamos sendo aterrorizados,
Estamos sendo humilhados…
Todavia o que viemos sofrendo,
Não será em vão.
Pode até estar chovendo,
Ainda sim continuamos lutando,
Ainda sim continuamos marchando,
Ainda sim continuamos cantando,
Ou em meio ao calor horrendo,
Conseguiremos retomar nosso chão!
Muitos continuam indo,
Muitos já estão dormindo,
Muitos que com o coração chorando continuam rindo,
Não de felicidade
Mas sim de força de vontade,
De ver nosso povo à vontade,
Naquilo que sempre foi meu, sempre foi seu…
Nossa terra, nosso chão!

Repito: Não estamos morrendo!
Repito: NÃO! NÃO!
Estamos sobrevivendo fisicamente
E muitos outros apenas in memorian ardente
Não com sede de vingança
Mas com sede de esperança
De que um dia tudo dará certo,
Que por fim, eu espero…
Que todos estejam vivos não apenas na memória,
Mas na história de uma nação que se redimiu
E que como sempre… Renasceu das cinzas,
De um passado ríspido e triste.
Abrindo os olhos para um futuro feliz e bem sucedido!
Mas lembre: Nada é em vão! Sempre há um propósito,
Mesmo que no momento de dor não pareça tão óbvio!.





 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha


 BRASIL TIRA A MÁSCARA!
Por Yakuy Tupinambá
Publicada originalmente na Rede ÍndiosOnline 

Sem história, sem memória, o que pensas que és?
Nega seu próprio sangue, sua verdadeira raiz, em que ainda sonhas?
Vivendo uma quimera, quando ainda era uma nação tão bela!
Guardiã das florestas, dos rios, dos mares e dos lagos,
Das aves e dos animais.
Abrigo de um Povo dono de um Segredo Sagrado,
A essência humana!
Por que a transformação, onde desejas chegar?
Imitando, copiando, deixando se levar…
Por que abandona seus verdadeiros filhos?
Fazendo-nos sangrar, banhando seu solo e suas águas.
Que conquistas são essas feitas através da dor?
Em que se transforma, ou se transformou,
O paraíso da vida.
Não acreditas mais na força e na união dos seus filhos.
Deixou se levar pelos sonhos maculados da inveja.
Ser arrastada pela ganância daqueles que só fizeram explorar.
Tira essa máscara, ela não lhe pertence.
Estamos aqui, resistindo, esperando que você reaja
Que volte a ser forte, a abrigar novamente à vida,
Daqueles que vos ama, verdadeiramente.
Sem querer mais nada,
Além da vida para a vida.


  Fotografia de  Alyson Soares da Rocha 
1 - Tempo Quebrado
Por Salvino dos Santos Braz - Kanátyo Pataxó

O tempo foi quebrado,
Picado sem dó,
Como um nó
Que prende e amarra. 
Ninguém tem mais tempo,
Pro seu tempo de vida,
O tempo se despedaçou.[...]
O tempo hoje vale dinheiro,
Mas como viverá o sabiá?
O seu tempo vale mais do que dinheiro,
Vale liberdade (...)
...
Dá sentido á sua vida
Com uma linda poesia.
Sabiá bico de osso,
O seu canto que eu ouço
Não tem preço,
A sua vida reconheço,
Por isso o meu tempo lhe ofereço
Pra voar, cantar e me alegrar.
Minha amiga sabiá
Tenho medo de lhe perder,
O que será eu e você
Sem o canto?
 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha 

 Cantos de la tierra
Por Freddy Chikangana - Wiñay Maílla - Etnia: Yanakuna Mitmac

Cantos da terra
De milho são meus cantos e de água minha essência.
Canto hoje como antes cantaram 
com teimosa semente que renega a morte,
assim como gota que alimenta a fonte.
De milho: cantos, água, essência.
Vivo hoje do plantio de ontem,
como espiga madura que floresce na terra.
Cantos de la tierra
De maíz son mis Cantos y de agua mi esencia.
Canto hoy como antes cantaron
como terca semilla que se niega a la muerte,
así como gota que alimenta la fuente.
De maíz: cantos, agua, esencia...
Vivo hoy con la siembra de ayer,
como espiga madura que florece en la tierra.
Pacha takipa
Saramanta takiy nuqapi yakuri samay
Taki punchau ñaupakhina taki
k'ullu sonccohima muyu ima nima huañushca
suttuyhinamicjuchiy pucuycuna.
Saramanta: taki, yaku, samai...
Causay punchau tarpunahuancuna cayna-punchau
trigo parhuayna poccoy ima sisay pachacunapi.
 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha


  Ay kakyri tama
Por Márcia Vieira da Silva - Kambeba
:
Eu moro na cidade
Esta cidade também é nossa aldeia,
Não apagamos nossa cultura ancestral,
Vem homem branco, vamos dançar nosso ritual.
Nasci na Uka sagrada,
Na mata por tempos vivi,
Na terra dos povos indígenas,
Sou Wayna, filha da mãe Aracy .
Minha casa era feita de palha,
Simples, na aldeia cresci,
Na lembrança que trago agora,
De um lugar que eu nunca esqueci.
Meu canto era bem diferente,
Cantava na língua Tupi,
Hoje, meu canto guerreiro,
Se une aos Kambeba, aos Tembé, aos Guarani.

Hoje, no mundo em que vivo,
Minha selva, em pedra se tornou,
Não tenho a calma de outrora,
Minha rotina também já mudou.

Em convívio com a sociedade,
Minha cara de “índia” não se transformou,
Posso ser quem tu és,
Sem perder a essência que sou,
Mantenho meu ser indígena,
Na minha Identidade,
Falando da importância do meu povo,
Mesmo vivendo na cidade.


 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha
 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha 

Essa é a hora das brincadeiras.Eles mesmos preparam as brincadeiras para os visitantes

 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha 

 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha
Essa de costa de bermuda jeans é minha sobrinha Suzana Brunet com sua filha Beatriz á esquerda

 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha 

 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha
Essa  a esquerda é minha sobrinha Beatriz  neta
 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha Essa  a esquerda é minha sobrinha Beatriz neta

 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha Essa  a esquerda é minha sobrinha Beatriz neta
 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha Essa  a direita  é minha sobrinha Beatriz neta
 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha 

 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha 

 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha 

 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha 

 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha 


 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha 

 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha 

 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha 

 Fotografia de  Alyson Soares da Rocha 


__________Separei mais uns Poemas para vocês Veja abaixo___________________________
Os poemas e poesias indígenas de diferentes etnias sempre acabam trazendo um olhar sobre a natureza e suas realidades culturais. A Equipe da Rádio Yandê escolheu uma lista de dez para o público conhecer
Imagem: Lucio Kansuet 


























Fora do Tempo
Por Renata Machado - Tupinambá


Atirei uma pedra em direção ao lar das águas.
Corri nas sombras das florestas por entre os feixes de luz da copa das árvores ancestrais.
Desci por caminhos ocultos na escuridão.

Em meus ouvidos apenas chegavam os sons da pedra,
o cair dos frutos maduros,
amanhecer das plantas e nascer dos pássaros. 

Meu corpo tornou-se uma casca de semente brotando na terra,
minha pele una com o solo,
minha perna tronco e raízes.

Sou um pouco do fluxo dos rios com o sopro do ar e chamas do fogo.
Sou um canto fora do tempo na ausência de pensamento.


Meu ser uma flauta da selva tocada com gotas de chuva.


 Pó de Urucun
Por Zahy Guajajara

Da minha pele lateja um sangue vermelho
Quando seca vira pó de urucum
E depois torna-se um corante
Aquele que faz colorir o seu alimento comum
Minha cor
Meu sangue 
Minha lágrima é uma gota de pó
O ar que respiras também é pó 
De urucun
Ai que dó
Quando bebo
Bebo sangue
Aquele sangue da equação
Do urucun que desce
Em forma de menstruação
Parém então
Quando Deus me fez
Estou certa de que em vez
De usar o pó da terraEle usou o pó de urucun



9 - Sons e Cores da Natureza
Por Adão Karai Tataendy Antunes - Livro "Palavras do Xeramõin"


Ha verde louro no teu ventre imenso
Guarda a imensidão de seres diferentes 
Um conjunto lindo de vários elementos
Sons e cores vivem harmoniosamente
De onde vem as cores que nas flores vejo
Será que vem do sol,do lua ou dos ventos
Se nem um pintor conhece os tons de cores
Pra pintar as flores com esses pigmentos
O Lua que passa as vezes prateada
Sorrindo baixinho pra esse verde louro
Conhece as riquezas que estão guardadas 
Como um mistério de um grande tesouro
Pra cada estação existe um adorno
Pra cada evento um som diferente
Os sons as cores que ali convivem
Desse verde louro são os dependentes
Nem um poeta pode descrever 
Todo mistério de tantas belezas 
Se uns mil anos pudesse viver 
Não veria tudo o que há na NATUREZA.


 La Realidad
Por Natalia Toledo - Zapoteca 

Esos rostros cubiertos
que descienden de la montaña
como cactus erguidos
llenos de espinas,
con su aire puro a cuestas.
Esos rostros de estambre negro,
ojos anémicos,
coágulos en el tiempo.

Qué es ser indígena?
he aquí mi lista:
Tener un idioma para los pájaros
para el aire que silva
un idioma para hablar con la tierra
para platicar con la vida
para seducir en las fiestas de los pueblos
una lengua para reirse del forastero torpe
sombra silente
hiedra en el cuello de la cobardia
¿qué es ser indígena?
ser indígena es tener un universo y no renunciar a él.



Referência :

[1]https://pt.wikipedia.org/wiki/Xerentes
[2] Redação Yandê http://radioyande.com/default.php?pagina=blog.php&site_id=975&pagina_id=21862&tipo=post&post_id=332
[3] Ivo Schroeder Doutor em Antropologia Social (USP-São Paulo) São Paulo, SP, Brasil ivo.sc@terra.com.br

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