quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Encontro com minha criança interior



"Hoje caí de joelhos diante de mim.Olhei bem no fundo dos meus olhos.E vi minha porção mais opaca bem de perto.Sento toda a escuridão que me habita.Toquei toda a minha pequenez.Percorri com os dedos aqueles territórios que sempre receio examinar. A necessidade de ser maior do que os outros.A necessidade de diminuir os outros para me sentir mais importante.Então, olhei um pouco mais fundo.Por trás destes lugares , percebi uma planície ainda mais vasta: o medo de ser desprezada, o orgulho ferido, o terror de ter o meu valor atacado, a dor da exposição ao ridículo , a fera que mostra suas garras quando isso acontece; a animalidade que vem á tona ao ser contestada.Não, sombra amiga, hoje eu não vou te calar.Tampouco vou sentir culpa em tu nome. Também não vou ignorar tua enorme presença em mim.Não mais...Hoje quero te olhar no fundo dos teus olhosComo olho no olho de uma filha que acabou de riscar uma prede inteira.Sabendo que era errado fazer, mas optou por seguir adiante mesmo assim. Não adianta bater, gritar, botar de castigo.Não adianta violentar.Então, como agir com uma criança que faz isso para chamar atenção:Dou colo e converso , com voz doce e calma."Querida, você esta cansada?" "Você esta brava? " Você esta nervosa ou com medo?" "O que foi que te chateou ou te feriu? "
O que te deixou assim nessa defensiva toda? Você quer dormir, quer uma sopinha quente e se enrolar em um cobertor abraçada comigo?Então, eu olho para essa criança com a expressão mais próxima, parceira e solidária possível , e sigo acolhendo:Vem cá, deixa eu te dar um colinho....deixa eu murmurar uma música baixinha no teu ouvido enquanto nino seu coração junto ao meu. Para frente e para trás ,vamos respirar juntas.Vem. Deixa eu te tranquilizar. Deixa eu eu dizer que teu valor existe e nâo há quem conteste isso. Não precisa sentir prazer na derrota de ninguém para se sentir valorosa, se atribuir valia.Que esses aspectos infantis- todos e cada um são anos e anos, vidas e vidas repetindo esses tropeçosVícios morais que vão se perpetuando em rotas velhas, antigas e conhecidas, tal qual trilhas que vemos marcadas fortemente nos gramados.Trilhas, essas que de tão abertas a gente se sente irresistivelmente atraído a passar sempre por lá aturdido pelo vício de percorrer este mesmo lugar.Vem cá, deixa eu te mostrar que tem um caminho diferente.Uma forma inédita de se sentir quando o outro mostra a sua fragilidade .Uma maneira nova de se deixar inspirar por alguém que parece melhor que você.Um jeito surpreendente de agir diante de um ataque inesperado.Tem muitas e muitas trilhas novas e abertas a se percorrer diante de mim .Dentro de nós...No entanto, não vou mais tentar abrir essas trilhas na marra, á base de força, repreensão, com gritos, culpas, entorpecimentos, fuga. De ignorar fatos, tampar o sol com a peneira...nem mesmo de encher a cara de brigadeiro, não...Vou aproveitar a oportunidade maravilhosa que se faz presente por meio desses instrumentos divinos que Deus coloca no meu caminho, a começar da minha própria sombra.Quero agradecer por cada ser ,cada espelho que atua para que possa conseguir enxergar o que tanto clama por ser visto dentro de mim. E assim, somente assim, ter elementos para criar algo novo Gratidão Pai pela oportunidade bendita do convívio, pela oportunidade bendita dos atritos!Pela oportunidade bendita que essas faíscas trazem! Para mostrar a necessidade do auto-acolhimento, seguido de autoconhecimento e, então, o semear do auto-esclarecimento, com as sementes benditas do (AMOR)E, assim,alçar voos mais livres,em movimentos novos de criação.Que eu tenha a força de acolher minha sombra com TODO o meu amor.Com carinho e generosidade sim, mas com o foco e a determinação que somente as aventuras mais instigantes conseguem despertar nas fibras profundas do coração.Gratidão, Pai. Por mais este encontro com minha sombra!" Daniela Migliari




Autoengano

Por Rosangela Brunet

"Mentimos para nós mesmos o tempo inteiro: (....) acreditamos nas juras da pessoa amada, só levamos realmente a sério os argumentos que sustentam nossas crenças. Temos a nosso próprio respeito uma opinião que quase nunca coincide com a extensão de nossos defeitos e qualidade. Sem o auto engano ,a vida seria excessivamente dolorosa e desprovida de encanto. Abandonados a ele , entretanto, perdemos a dimensão que nos reúne às outras pessoas e possibilita a convivência pessoal." (Eduardo Giannetti, In: Autoengano)
"Faceation No. 3" by Sebastian Bieniek (B1EN1EK), 2014.

Esse artigo tem como objetivo de falar sobre as mentiras que contamos pra nós mesmos, o que chamamos de autoengano segundo Giannetti,

Todo sujeito busca evitar a dor e buscar o prazer. Segundo a psicanálise esse processo surge desde a infância quando vamos escolhendo nossos objetos de desejo e evitando tudo aquilo que se  tornou objeto de dor. Para Melanie Klein esse fenômeno se inicia desde de a amamentação quando a criança vai conhecendo  seio bom e o seio mal. em função dessa descoberta ela vai aprendendo a amar o mundo e amar a si mesmo pelo seio bom.Por outro lado vai reprimindo e projetando no outro o ódio que aprendeu na internalização do seio mal.
Em função dessas experiências ,ao longo da vida a criança vai criando defesas para pode lidar com seus instintos, pulsões e desejos   x  demanda cultural. 
O sujeito barrado é um sujeito que ,na medida em que vai experienciando sua vida vai encontrar meios através do ego para lidar consigo mesmo e com o mundo.
É nesse processo que o autoengano se constrói. Como disse Giannetti, isso pode ser altamente benéfico por defender o indivíduo de dores insuportáveis ,mas pode se tronar sintomático quando este autoengano se torna uma mãscara engessada. Quando essa máscara se torna uma pele essa pessoa não tem mais capacidade de saber quem ela é, além de ter perdido sua espontaneidade. 
Cada pessoa possui sua própria digital, assim como cada um vai desenvolver as defesas e máscaras mais apropriadas para poder viver no mundo.
Vejamos um exemplo muito emblemático. Aquela pessoa que diz que não gosta da outra,mas não sabe porque.  A irritação, a rejeição e até mesmo a exclusão se instala disfarçando um gatilho que pode levar essa pessoa a entrar em contato com justamente aquilo que ela evita ou rejeita nela mesma.
Aqui eu introduzo  dois conceitos : o conceito de sombra e o conceito de Mecanismo de defesa do ego chamado projeção.

Mecanismo de Defesa do Ego

Projeção é um dos mecanismo de defesa do ego mais primitivos. Desde o seio materno a criança já tem a tendência de projetar o que é entendido como mal ou o próprio sentimento de ódio como não sendo pertencente a ela,pois admitir tal coisa causaria dor. Com isso a criança projeta no mundo seu ódio e tudo que ele entende como aquilo que não é bom. 
Entenda bem, A criança entende em função de sua relação com o mundo desde o seio até a vida adulta, o indivíduo esta apreendendo o mundo de sua forma. Nem sempre o que uma pessoa considera ser ruim, mal ou alvo de ódio é necessariamente realidade. Cada um tem sua verdade que deve ser respeitada,acolhida e escutada. A única verdade que deve ser questionada é aquela absoluta. Essa sim, segrega e exclui.
Vivemos em uma sociedade ocidental onde a mente é a que dirige, define e busca a verdade.
O ego é a instância que regula e media as relações e é extremamente valorizado por conta de sua função. No entanto,não somos apenas ego. Temos uma essência, um Eu verdadeiro segundo a Psicologia analítica.
Por isso, o ego pode ser altamente importante quando consideramos quem somos como algo maior, algo em constante mudança e transformação em direção a individuação. Uma Ser que vai além do Ego.
Em função disso o conceito de sombra é extremamente necessário para maior entendimento desse Ser Total, um Ser com uma visão holística. Consideramos O sujeito constituído também de um inconsciente pessoal e coletivo. E quando acessamos estes inconscientes nos deparamos com a sombra

Sombra ( leia também o artigo  (Arte & Psicologia: Arquétipo Sombra:)

Sombra é um arquétipo * segundo Carl Gustav Jung, a qual se encontra em nosso inconsciente pessoal e coletivo. É na sombra que encontramos tudo que foi evitado,reprimido, recalcado, esquecido, arquétipos e complexos.
Voltando ao assunto do autoengano. Um dos maiores motivos de nos auto enganar é por não querer entrar em contato com a dor. 
Mas a dor vem.  Seja de dentro ou de fora,mas ela vem. E a transformação e a mudança só se dá através do enfrentamento da dor. A dor que esta dentro sendo evitada, bem como todas as emoções como raiva, culpa, vergonha, ódio, etc são afetos que precisam ser confrontados, aceitos, acolhidos, olhados de perto, compreendidos ,pois cada afeto desses estão ligados a pensamentos e atitudes que poem estar limitando o desenvolvimento da pessoa  e impedindo que ela seja feliz. Quando entro em contato com todas as dores, defesas, e máscaras , então podemos usar nosso cérebro para decidir o que fazer com tudo isso. Assim "os neurônios do coração" podem ser acessados para construir soluções criativas
Quem não entra em contato com seus afetos não aprendem a lidar com eles.Consequentemente não podem lidar com os sentimentos alheios. Daí tanta dificuldade de relacionamentos afetivos, interpessoais e intrapessoal
Por isso, o autoconhecimento é tão importante ,mas ao mesmo tempo tão evitado e temido.
"Em todo processo de individuação sempre teremos que passar por dor, culpa e vergonha" Carl. G. Jung
Vivemos em uma cultura onde a introspecção é algo questionado. Muitos acham que pessoas introspectivas  são pessoas doentes. Muitos consideram que as práticas que levam ao autoconhecimento são práticas que atrapalham o processo de desenvolvimento profissional, e até pessoal. 
Os ativistas, os empreendedores e os indivíduos que estão á serviço de uma meta e são fruto da sociedade materialista e consumista - sociedade ocidental, não entendem e nem aceitam esses discursos. São pessoas que vivem suas vidas em função do que aprendeu e em função de corresponder as expectativas dos outros, seja da sociedade, seja do seu gestor, seja de crenças internalizadas e limitantes,mas o fato é que espontaneidade e autenticidade é uma palavra que não vazia de significado para essas pessoas.











quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Lidando com a Crítica

Por Flavia Melissa

1. As pessoas não te enxergam como você é, e sim como elas são. A cada instante, somos bombardeados de estímulos externos (cerca de14 milhões de estímulos, para ser mais exata), o que faz com que seja impossível que prestemos atenção a tudo o que nos cerca ao mesmo tempo. A forma que encontramos de “filtrar” esta mundarada de estímulos é julgar o que acontece à nossa volta a partir de uma coisa chamada sistema de crenças, ou seja, um conjunto de opiniões pré-concebidas sobre as coisas, que acaba se formando em nosso psiquismo na base da repetição e do impacto emocional. O resumo disso é que a gente enxerga o que acontece à nossa volta baseada no que acontece dentro da gente, e isso vale pra tudo – desde criar uma opinião sobre o contexto político do país até achar uma pessoa bacana ou não. Saber que quem você é de verdade é quase a última coisa que importa quando alguém emite uma opinião ou julgamento sobre você vai te ajudar a respirar fundo da próxima vez em que alguém falar algo sobre você.

2. Incomodou, doeu? Leva pra casa que é teu. Ou seja: o que a outra pessoa pensa de você é problema dela, mas se você fica ofendido e/ou magoado com isso, o problema passa a ser seu. Todas as vezes em que ficar irritado ou entristecido com alguma crítica recebida, leve mais tempo refletindo sobre os motivos de ter ficado tão tocado por isso do que tentando provar por a mais b que a outra pessoa está errada. Olhe para dentro e busque identificar de onde vem a sua necessidade de receber reconhecimento e aprovação do outro, e invista em um processo de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal para aprofundar estes questionamentos. A gente pode não perceber isso de uma forma mais direta, mas a falta de tolerância com opiniões negativas de outras pessoas pode influenciar de forma super impactante escolhas importantes na vida, como o tipo de pessoa que escolhemos para nos relacionar e até mesmo que rumo damos à nossa vida profissional. Conseguir ter um panorama de como a sua vida vem sendo influenciada pela opinião das pessoas a seu respeito é fundamental para conseguir mudar o rumo das coisas que você não gosta na sua vida.


3. As pessoas decidem em menos de um segundo se gostam de você ou não. É exatamente isso que as pesquisas científicas sobre comportamento humano apontam: milissegundos são necessários para seu cérebro decidir por você se você gosta ou não de alguém – e o mesmo vale para você. Então aceite o fato de que as pessoas podem ter, em milésimos de segundo, se deparado com um “você” que não encaixou lá no espaço interno que elas tinham pra te receber – e elas têm todo o direito de terem uma opinião negativa sobre você. E o que é pior é que estas pesquisas mostram que esta opinião é meio que irreversível, ou seja: por mais tempo que você dedique em fazer esta pessoa mudar a opinião que criou a seu respeito, ela sempre vai obedecer ao ditado de que “a primeira impressão é a que fica”; esta dica vale especialmente para pessoas que, assim como eu fiz durante muito tempo, passam um tempo absurdo se explicando, querendo ser entendidas e tentando rebater as críticas que receberam. Na esmagadora maioria das vezes, não vai adiantar.

4. Ninguém está errado em sua visão de mundo. E isso se aplica tanto à pessoa que está te julgando quanto a você. Todo mundo tem um motivo de ser como é e de pensar como pensa, então aceite que o seu grande desafio nesta vida é vencer a dualidade mental de que existem os “certos” e os “errados” absolutos. O que, na prática, significa dizer que você pode estar certo e quem te diz que você está errado… Também. Invista mais tempo e energia em ser feliz pensando do jeito que você pensa do que tentando mudar a ideia dos outros sobre você, como se eles estivessem errados em suas opiniões e pontos de vista. Quem te ama está certo em te amar e quem te odeia está certo em te odiar – e nada disso te define. Leia novamente os itens 1 e 3 se ainda não tiver ficado claro, e o item 2 se ainda estiver inconformado com isso.

5. Aceita que dói menos. Não importa o quão incrível você seja, sempre vai ter alguém que vai dizer que você está sendo incrível porque nasceu em berço de ouro, porque quer se beneficiar da sua incriveldade de alguma forma ou que é uma farsa, porque ninguém pode ser tão incrível assim. Quanto mais energia você investe em justificar seus comportamentos, fazer os outros mudarem de ideia sobre você ou tentar se adequar ao que esperam de seus comportamentos e atitudes, menos energia você vai ter para aproveitar as coisas boas da sua vida. Leve cada incômodo com cada crítica recebida como oportunidades valiosas de autoconhecimento e reflexão pessoal sobre a pessoa que você é e como quer ser. Contanto que a sua consciência esteja tranquila, todo o resto está sempre certo.

Eu eu tenho certeza absoluta que, se você for capaz de colocar estas cinco lições em prática no ano 2018, no final do ano que vem vai olhar para trás e se orgulhar bastante da vida que você construiu ao longo dos últimos 365 dias. Pelo menos é o que acontece comigo.

Sigamos!

Fonte : Portal Despertar http://flaviamelissa.com.br/lidando-com-criticas-o-manual-definitivo-para-ter-um-ano-novo-de-verdade/


Eu

Por Rosangela Brunet "O meu mundo não é como o dos outros: quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia...