quinta-feira, 13 de novembro de 2014

ORGULHO E PRECONCEITO: A OBRA QUE ESQUECEU DE ENVELHECER

"A intensa guerra de classes, a negação dos sentimentos, o interesse material, as tradições machistas... Em pleno século XXI tudo isso ainda é palpável e nítido. Jane Austen poderia muito bem ter escrito sua obra-prima não inspirada na sociedade inglesa do século XIX, mas sim na observação atenta dos dias de hoje."



publicado em literatura por Débora MarxCom uma observação atenta e categórica do real, Jane Austen, criou um obra que sobrevive ao tempo, e hoje, 200 anos após sua publicação, os personagens parecem superar os séculos, sendo tão reais e palpáveis que continuam ícones de amor e ódio.

Lembro-me de quando, ansiosamente, lia as últimas linhas de Orgulho e Preconceito, e de como foi inevitável me envolver com os personagens e com a Inglaterra antiga, admirar a escrita bem colocada e sutil, a observação detalhada da autora e, principalmente, me impressionar, com a temática e os personagens atuais, mesmo tendo se passado 200 anos da publicação da obra.



A intensa guerra de classes, a negação dos sentimentos, o interesse material, as tradições machistas... Em pleno século XXI tudo isso ainda é palpável e nítido. Jane Austen poderia muito bem ter escrito sua obra-prima não inspirada na sociedade inglesa do século XIX, mas sim na observação atenta dos dias de hoje.
Dessa forma, comecei a pontuar temas e complexidades composicionais dos personagens que não nos soa distante do que encontramos hoje, e talvez explique o estrondoso sucesso do livro, mesmo tendo passado 2 séculos da sua ambientação original.
Assim, podemos citar a busca por um bom casamento , que mesmo que ponderada por uma série de conquistas femininas, ainda se faz presente no berço de inúmeras famílias. Muitas mães não fogem à regra de Mrs. Bennet e acreditam que um marido rico é garantia de futuro e felicidade para as filhas, mesmo que isso signifique um sacrifício de sonhos e anseios.
Do outro lado, temos o preconceito sobre a mobilidade social, que ainda continua forte e presente. Percebemos na construção clara das personagens, uma enorme insatisfação pela união de um rico com uma pobre. Negando que possa existir outro sentimento que não seja o interesse financeiro. Jane e Charles pontuam bem essa crítica severa da autora, vivendo um romance pausado inúmeras vezes pela influência externa e pela pressão social.
Passeando ainda pelos personagens coadjuvantes da obra, encontramos Wickham, que pode ser comparado aos atuais calhordas , com os quais todas nós- infelizmente- já cruzamos por ai. Ele cultiva as mesmas práticas de muitos homens contemporâneos, sendo facilmente encontrado nas telenovelas e best-sellers de hoje. Aliás, o típico cara superficialmente charmoso e mentiroso é atemporal e até clichê.
Contudo, a autora não cai no “mais do mesmo” com Elizabeth Bennet, que não é a mocinha arquetípica explorada pelos escritores românticos da época. Jane Austen seguiu um padrão diferente: Cria uma heroína que ultrapassa os domínios da beleza e não se detém aos costumes e às regras. Conquista seu amado não pela aparência e doçura vazia, mas pelas opiniões inteligentes e personalidade forte.
Mais atual do que no século XIX, talvez esteja explicada a popularidade da personagem hoje em dia, em um cenário social onde as mulheres não aceitam mais serem retratadas como meros enfeites, sem qualidades intelectuais, e posicionadas de maneira submissa aos homens.
Por fim , e não por ordem de importância , temos Fitzwilliam Darcy , o protagonista da obra e par romântico de Elizabeth. Construído de maneira complexa e avessa ao costume, odiamos e amamos Darcy inúmeras vezes ao decorrer do livro. De maneira sublime, Austen vai quebrando o orgulho e o preconceito intrínseco ao personagem, na medida em que ele vai se envolvendo com Elizabeth e admirando os seus valores e princípios.
Darcy não é o herói esperado, é detestável em alguns momentos. Rispidez e arrogância são características claras dele. Não é gentil e não se fascina a primeira vista por Lizzy.
“Ela é tolerável, mas não bela o bastante para me tentar. Não estou com ânimo no momento para consolar jovens rejeitadas por outros homens”.
Regado de inúmeras outras delicadezas como essa, Fitzwilliam, se mostra pretencioso e duro até quase o meio da obra, quando, finalmente, reconhece seus sentimentos e revela sua verdadeira face. Nesse momento, somos presenteados com uma quebra do paradigma do amor romântico instantâneo.
“Não posso fixar a hora ou o lugar. (Quando questionado por Lizzy quando havia começado a amá-la ) Isto já foi há muito tempo. Eu já estava no meio e ainda não sabia que tinha começado.”
Assim, mais uma vez Jane é precisa em sua observação do real. Afinal, quem percebe o momento em que se apaixona?


Q"uerida, adorável Elizabeth, quanto lhe devo! Ensinou-me uma lição, muito dura, a princípio, mas muito vantajosa. Por suas mãos recebi a humilhação que devia. Aproximei-me de você sem duvidar de que seria aceito. Sua recusa me mostrou como eram insuficientes minhas pretensões de agradar uma mulher digna de ser agradada"


Por declarações como esta, por quebrar o estereótipo de “príncipe encantado” , por transitar entre o amor e o ódio e , sobretudo, por viver uma paixão tão forte ao ponto de lhe tornar um homem melhor, é que Darcy é um ícone bicentenário.

Inclusive, em O Diário de Bridget Jones-livro que inspirou o filme homônimo- , o senhor Mark Darcy faz referência direta- inclusive pelo sobrenome- ao protagonista da obra de Austen, mantendo uma relação de repúdio e depois de amor com Bridget. Mesmo tendo passado tanto tempo da publicação do romance ele ainda inspira produções dos anos 2000 porque de alguma forma toca e aproxima a realidade , as projeções e as fantasias dos expectadores e leitores do retratado na ficção.
Assim, percebemos,os frutos de um trabalho minucioso de uma das maiores escritoras de todos os tempos, que foi muito além da criação de uma estória. Jane vasculhou o íntimo das pessoas, foi ao fundo de uma sociedade preconceituosa e cheia de mazelas, revelou de maneira crua aquilo que o orgulho esconde, moldou um protagonista cheio de defeitos ,mas com qualidades que as superam, criou uma heroína audaciosa que inspirou – e inspira- centena de milhares de mulheres por todo o mundo. Resumindo, criou uma oba digna de superar o tempo.
















quarta-feira, 12 de novembro de 2014

50 GENIAIS FILMES POLÍTICOS E SOCIAIS.




publicado em cinema por Leandro Godoy


Considero estes 50 filmes, grandes obras-primas geopolíticas e sociopolíticas, lógico que faltará muitos filmes que deveriam estar aqui. Penso que o cinema é uma forma de arte muito dinâmica de aprendizagem e obtenção de conhecimento, por isso acho importante que filmes como estes sejam mais divulgados, auxiliando a educação política e social de várias pessoas através do entretenimento.


207-Trainspotting.jpg Cena do filme Trainspotting de 1996.
Nós brasileiros, por mais cultos ou estáveis financeiramente que formos, ainda somos produtos do terceiro mundo ou mundo em desenvolvimento, e é por isso que a educação política é muito importante e a falta deste requisito na nossa sociedade pode trazer severas consequências para nossa nação, algo que já estamos vivendo à tempos.
Então, segue-se aí, 50 filmes políticos de todas épocas e países, estes filmes são de vários gêneros cinematográficos. Apesar de alguns filmes terem 10, 20, 30, 40 anos ou mais, eles são geniais por causa de sua atemporalidade. Os filmes estão listados de forma aleatória e não hierárquica:
1- A Batalha da Argél (La battaglia di Algeri, Direção: Gillo Pontecorvo, 1966) País: França 
Sinopse: Os eventos decisivos da guerra pela independência da Argélia, marco do processo de libertação das colônias européias na África. Entre 1954 e 1957 é mostrado o modo de agir dos dois lados do conflito, a Frente de Libertação Nacional e o exército francês. Enquanto que o exército usava técnicas de tortura e eliminava o maior número possível de rebeldes, a FLN desenvolvia técnicas não-convencionais de combate, baseadas na guerrilha e no terrorismo.
2. Eu, Cláudius (I, Claudius, 1976) - Minisérie em 13 episódios: País: Inglaterra
Sinopse: Baseado nos romances históricos ''I, Claudius'' e ''Claudius'' por Robert Graves. ''Eu, Cláudio'' narra a vida da família de Tibério, Cláudio Druso, Nero Germânico, do ponto de vista do imperador mais democrático e menos insano, Cláudius. Claudius (Derek Jacobi) nasceu com um pé torto e gago, a sua família o achou um tolo e o manteve fora da linha de sucessão. Cláudio era muito perspicaz, mais do que sua família acreditava que ele fosse, mais tarde por mero acaso do destino, ele se tornou imperador após o tirânico e insano governo de Calígula. A história conta todos os jogos de poderes que manteve a família dos Claudianos no governo de Roma durante décadas, começando pelo o imperador Augustos, indo para Tibério, Calígula, Claudius e terminando em Nero. Esta mini-série é sensacional, ela mostra com detalhes como foi o reinado de uma das famílias mais polêmicas e controversas que já governaram o império Romano.
3. Tempos Modernos (Modern Times, Direção: Charles Chaplin, 1936) País: EUA
Sinopse: Um operário de uma linha de montagem, que testou uma "máquina revolucionária" para evitar a hora do almoço, é levado à loucura pela "monotonia frenética" do seu trabalho. Após um longo período em um sanatório ele fica curado de sua crise nervosa, mas desempregado. Ele deixa o hospital para começar sua nova vida, mas encontra uma crise generalizada e equivocadamente é preso como um agitador comunista, que liderava uma marcha de operários em protesto. Simultaneamente uma jovem rouba comida para salvar suas irmãs famintas, que ainda são bem garotas. Elas não tem mãe e o pai delas está desempregado, mas o pior ainda está por vir, pois ele é morto em um conflito. A lei vai cuidar das órfãs, mas enquanto as menores são levadas a jovem consegue escapar.
4. Rede de Intrigas (Network, Direção: Sidney Lumet, 1976) País: EUA 
Sinopse: Apresentador de noticiário recebe a notícia de que está demitido em razão dos seus baixos índices de audiência. Um dia, com o programa no ar, comunica a sua saída da emissora e avisa que se matará na próxima semana, quando o programa estiver no ar. É imediatamente afastado, mas o público pede a sua volta e como a rede estava com problemas de audiência resolve lançá-lo. A partir de então ele passa a encarnar o profeta louco, mas mesmo tendo um comportamento insano a recepção do público é altamente positiva. No entanto, as pessoas responsáveis pela sua ascensão agora querem detê-lo.
5. Dr. Fantástico (Dr. Strangelove or How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb, Direção: Stanley Kubrick, 1964) País: Inglaterra 
Sinopse: As possíveis conseqüências caso um anticomunista e louco general americano (Sterling Heyden) desse a ordem de bombardear a União Soviética com o objetivo de ficar livre dos "vermelhos", sem se dar conta de que este ato seria provavelmente o início da Terceira Guerra Mundial.
6. Aguirre, a Cólera dos Deuses (Aguirre, der Zorn Gottes, Direção: Werner Herzog, 1972) País: Alemanha 
Sinopse: Algumas décadas após a destruição do Império Inca o explorador Gonzalo Pizarro envia uma expedição para uma arriscada missão, encontrar e tomar posse do tão sonhado e enigmático "El Dorado", um lugar cheio de ouro e riquezas. Deixando as montanhas do Peru, os conquistadores rumam em direção ao rio Amazonas, e logo começam a enfrentar os perigos e dificuldades da traiçoeira selva. Além disso, obcecado e louco por riqueza e poder, Don Lope de Aguirre passa a liderar o grupo. E, em meio a sua total insaniedade, parte com a expedição de conquistadores para uma bizarra jornada rumo ao desconhecido.
7. Z (Direção: Costa-Gravas, 1969) País: França
Sinopse: Tendo como trama básica o assassinato de um político liberal (Yves Montand) cometido como se fosse um acidente, é retratado o caso Lambrakis, fato acontecido na Grécia no início da década de 60 no qual a investigação sobre a morte do político foi escandalosamente encoberta por uma rede de corrupção e ilegalidade na polícia e no exército.
8. Sindicato de Ladrões (On the Waterfront, Direção: Elia Kazan, 1954) País: EUA
Sinopse: Terry Malloy (Marlon Brando) é um ex-boxeador que costumava ser grande, mas que se tornou pequeno ao entrar para a gangue exploradora de Johnny Friendly (Lee J. Cobb). Quando um trabalhador inocente morre, Terry sente-se culpado e começa a tentar consertar suas ações passadas lutando diretamente contra o sindicato, sofrendo também as conseqüências. Durante a luta, acaba por se apaixonar pela irmã do falecido, a jovem e inocente Edie Doyle (Eva Marie Saint). Vencedor de 8 Oscar, incElia Kazanluindo Melhor Filme, Diretor e Ator (Marlon Brando).
9. O Salário do Medo (Salaire de la Peur, Direção: Henri-Georges Clouzot, 1953) País: França
Sinopse: Quatro homens desempregados e miseráveis, que vivem em condições quase desumanas em um pequeno vilarejo da Guatemala, aceitam uma perigosa e desafiadora missão: transportar uma carga altamente explosiva de nitroglicerina em caminhões sem nenhuma estrutura para tanto, ao longo de estradas em péssimas condições, até um incêndio que está acontecendo em um poço de petróleo de uma extratora estadunidense. Filme vencedor da Palma de Ouro e do Urso de Ouro, respectivamente, prêmios dados no festival de Cannes e de Berlin.
10- Underground: Mentiras de Guerras (Underground, Direção: Emir Kusturica, 1995) País: Sérvia
Sinopse: Palma de Ouro no Festival de Cannes, o filme do cineasta iugoslavo Emir Kusturica mostra, com humor negro e em tom de fábula, a situação conflituosa de seus país. O filme conta a história de Marko, proprietário de uma fabrica clandestina de armas (o Underground do título) que usa policiais refugiados como mão de obra. Tudo começa na Segunda Guerra e, por amor de uma mulher, Marco mantém seus colegas refugiados por lá durante 20 anos.
11. O Discreto Charme da Burguesia (Le Charme Discret de La Bourgeoisie, Direção: Luis Buñuel: 1972) País: França
Sinopse: Mistura de situações reais da história com os sonhos e devaneios dos personagens. O filme se passa numa tarde onde alguns amigos se encontram para jantar. Crítica às situações e a hipocrisia da vida social burguesa.
12. O Anjo Exterminador (El Ángel Exterminador, Direção: Luis Buñuel, 1962) País: MéxicoSinopse: Após uma extravagante e farta refeição, os convidados se sentem estranhamente incapazes de deixar a sala de jantar e, nos dias que se seguem, pouco a pouco, caem as máscaras de civilização e virtude e o grupo passa a viver como animais.
13. Os Esquecidos (Los Olvidados, Direção: Luis Buñuel, 1952) País: México
Sinopse: Nos subúrbios da Cidade do México um grupo de jovens delinquentes passa os dias cometendo pequenos roubos. Um fugitivo de um reformatório, Jaibo (Roberto Cobo), por ser mais velho e experiente se torna o líder natural deles. Um dia, na companhia de Pedro (Alfonso Mejía), Jaibo se descontrola e espanca Julian (Javier Amézcua) até a morte, pois supostamente este o teria delatado. Pedro, que tem uma grande necessidade de carinho materno mas é ignorado por sua mãe (Estela Inda), carrega um sentimento de culpa por se considerar cúmplice de Jaibo, que se comporta como se nada tivesse acontecido. Jaibo ainda tenta seduzir a mãe de Pedro, que não lhe dá nenhuma abertura, fazendo com que o confronto entre Jaibo e Pedro seja algo inevitável.
14. Incêndios (Incendies, Direção: Denis Villeneuve, 2010) País: Canadá, França 
Sinopse: O último desejo de uma mãe é mandar os gêmeos Jeanne e Simon numa jornada pelo Oriente Médio na busca por suas emaranhadas raízes. Adaptado da aclamada peça de Wajdi Mouawad, Incendies conta a poderosa e comovente história da viagem de dois jovens adultos para o núcleo do ódio profundamente enraizado, das guerras que nunca acabam e do amor duradouro.
15. O Conformista (Il Conformista, Direção: Bernardo Bertolucci, 1970) País: Itália
Sinopse: Em 1938, em Roma, Marcello (Jean Louis Trintignant) acaba de aceitar um trabalho para Mussollini e flerta com uma bela jovem, o que faz com que ele fique cada vez mais conformista. Marcello resolve viajar a Paris em sua lua de mel e aproveita para cumprir uma missão designada por seus chefes: vigiar um professor que fugiu da Itália assim que os fascistas assumiram o poder no país.
16. 1984 (Michael Radford, 1984) País: Inglaterra
Sinopse: Adaptação do clássico homônimo de George Orwell. Vivendo sob um governo autoritário e que tem o controle total sobre cada ação dos cidadãos, proibindo qualquer tipo de emoção, o burocrata Winston Smith enfrenta problemas ao se apaixonar por Julia.
17. A Caça (La Caza, Direção: Carlos Saura, 1965) País: Espanha
Sinopse: Parábola corajosa de Carlos Saura sobre a Guerra Civil Espanhola. Ganhou o prêmio de melhor diretor (Urso de Prata) no Festival de Berlim de 1966.José, Paco e Luís são três amigos e veteranos de guerra que um dia decidem ir à caça na companhia de Enrique, de 20 anos de idade, em sua primeira excursão. Eles vão praticar o seu esporte favorito nas terras de José, onde não há muito tempo uma importante batalha da Guerra Civil ocorreu. Um thriller nervoso, bem como um estudo altamente simbólico do ódio e da rivalidade, “A Caça” se torna uma alegoria da guerra. É considerado um clássico do Cinema Espanhol.
18. Pelos Caminhos do Inferno (Wake in Fright, Direção: Ted Kotcheff, 1971) País: Austrália
Sinopse: Um professor cansado da vida que leva tira folga do trabalho e viaja para encontrar a mulher com quem teve um caso tempos atrás. Mas no caminho passa por uma cidade em que calor é insuportável, e onde todas as pessoas aparentam ser vítimas da perdição. O difícil vai ser esse homem sair desse lugar "possuído" pela jogatina e pela cerveja.
19. Filhos do Paraíso (Bacheha-Ye aseman, Direção: Majid Majidi, 1997) País: Irã
Sinopse: Ali (Amir Farrokh Hashemian) é um menino de 9 anos proveniente de uma família humilde e que vive com seus pais e sua irmã, Zahra (Bahare Seddiqi). Um dia ele perde o único par de sapatos da irmã e, tentando evitar a bronca dos pais, passa a dividir seu próprio par de sapatos com ela, com ambos revezando-o. Enquanto isso, Ali treina para obter uma boa colocação em uma corrida que será realizada, pois precisa da quantia dada como prêmio para comprar um novo par de sapatos para a irmã.
20. Faça a Coisa Certa (Do The Right Thing, Direção: Spike Lee, 1989) País: EUA
Sinopse: Em um bairro onde a maioria da população é predominantemente negra, Buggin' Out, um ativista, exige que Sal, um dono de uma pizzaria, troque as fotos de seus ídolos brancos do local por fotos de ídolos negros. Quando tem seu pedido negado, o ativista passa a organizar um boicote contra a pizzaria de Sal.
21. O Som ao Redor (Direção: Kleber Mendonça Filho, 2012) País: Brazil
Sinopse: A vida numa rua de classe-média na zona sul do Recife toma um rumo inesperado após a chegada de uma milícia que oferece a paz de espírito da segurança particular. A presença desses homens traz tranqulidade para alguns, e tensão para outros, numa comunidade que parece temer muita coisa. Enquanto isso, Bia, casada e mãe de duas crianças, precisa achar uma maneira de lidar com os latidos constantes do cão de seu vizinho. Uma crônica brasileira, uma reflexão sobre história, violência e barulho.
22. Valsa com Bashir (Vals Im Bashir, Direção: Ari Folman) País: Israel
Sinopse: Numa noite num bar, um homem conta ao velho amigo Ari sobre um pesadelo recorrente no qual é perseguido por 26 cães alucinados. Toda noite é o mesmo número de bestas. Ambos concluem que o pesadelo tem a ver com a missão deles no exército israelense contra o Líbano, décadas atrás. Ari, no entanto, fica surpreso ao perceber que não consegue mais se lembrar de nada sobre aquele período da sua vida. Intrigado com o enígma, Ari decide se encontrar e entrevistar velhos camaradas pelo mundo. Ele tem necessidade de descobrir toda a verdade sobre aquele tempo e sobre si mesmo. E quanto mais ele se aprofunda no mistério, mais suas lembranças se tornam aterrorizantes e surreais.
23. Memórias do Subdesenvolvimento (Memórias del Subdesarrollo, Direção: Tomás Gutiérrez Alea, 1968) País: Cuba
Sinopse: Retrato lúcido e poético de Cuba no começo dos anos 60, Memórias do Subdesenvolvimento é considerado um clássico do cinema latino-americano. O mestre Tomás Gutiérrez Alea oferece um olhar ao mesmo tempo carinhoso e crítico sobre os rumos da revolução de Fidel Castro, narrado pelos olhos de Sérgio, um homem que aos 38 anos se vê subitamente sozinho em Havana, depois que sua mulher e seus pais resolvem migrar para os Estados Unidos. Ao acompanhar Sérgio, o espectador é convidado a passear pelas ruas da capital cubana e a encontrar personagens reais, num filme que mistura com habilidade recursos da ficção e do documentário.
24. Lições da Escuridão (Lektionen in Finsternis - Lessons of Darkness, Direção: Werner Herzog, 1992) País: Alemanha
Sinopse: Documentário narrado por Herzog, que mostra os campos petrolíferos do Kuwait em chamas, emanando altas colunas de fumaça. Através da narração, o enredo em si aborda um país desconhecido que sofreu com uma feroz guerra e arca com as conseqüências. Em contraste com o documentários comums, são poucas as entrevistas e poucos comentários. O que deve ter sido o próprio inferno é apresentado ao espectador com belas imagens pós-apocalípticas e com uma ótima trilha sonora. Herzog considera esse filme uma produção de ficção científica, ao invés de um documentário, pois a impressão que nos passa é de que estamos assistindo a um filme de outro planeta, por parecer tudo tão longe de nossa realidade.
25. O Ódio (La Haine, Direção: Mathieu Kassovitz, 1995) País: França
Sinopse: Filmado no estilo cinema-verdade, O Ódio acompanha um dia na vida de três jovens alienados, propensos a violência , que moram no mesmo conjunto habitacional de Paris.
26. Fahrenheit 9/11 (Direção: Michael Moore, 2004) País: EUASinopse: Um filme assumidamente feito para tentar evitar a reeleição de Bush na presidência dos Estados Unidos, Fahrenheit tenta, a todo momento, ridicularizar o presidente. Mostra a fraude que foi sua eleição, as atitudes idiotas quanto ao atentado do 11 de Setembro, a preocupante Guerra do Iraque e sua suspeita ligação com a família Bin Laden. Palma de Ouro em Cannes.
27. Terráqueos (Earthlings, Direção: Shaun Monson, 2007) País: EUA
Sinopse: Provocante documentário que relata a dependência e a exploração cruel e desrespeitosa da humanidade com relação aos animais, tanto para companhia (pet-shops, fábricas de filhotes e abrigos), alimentação (criação, abate), vestimentas (comércio de peles e couros), entretenimento (circos, rodeios, touradas), e pesquisa científica (experimentos científicos, testes de cosméticos). O filme é narrado pelo indicado ao Oscar Joaquin Phoenix e apresenta músicas criadas pelo artista de platina renomado pela crítica Moby. Em 2005 ganhou 3 prêmios em 3 festivais diferentes Boston, San Diego e Artivist.
28. Adeus, Lenin! (Good Bye, Lenin! Direção: Wolfgang Becker, 2003) País: Alemanha
Sinopse: A mãe de Alexander, fiel devota do socialismo na antiga Alemanha Oriental, tem um ataque cardíaco ao ver o filho em uma passeata contra o sistema vigente. Quando ela acorda do coma, após a queda do muro de Berlim, o médico aconselha a Alexander que ela evite emoções fortes, pois outro ataque tão cedo seria fatal. Com o peso na consciência pelo estado atual de sua mãe, Alex faz de tudo para que ela continue vivendo em uma ilusória Alemanha socialista, mudando embalagens de produtos industrializados e até mesmo inventando documentários televisivos para preencher as brechas do dia-a-dia do recente capitalismo no país.
29. Febre do Rato (Direção: Cláudio Assis, 2012) País: Brasil 
Sinopse: Febre do rato é uma expressão popular típica da cidade de Recife (localizada na Região Nordeste do Brasil), que designa alguém que está fora de controle, alguém que está danado. E é assim que Zizo, um poeta inconformado e de atititude anarquista, chama um pequeno tablóide que publica às próprias custas.O personagem está sempre às voltas com o universo que criou ao seu redor. Um mundo todo particular, onde saciar os desafortunados é uma mistura de benefício com altas doses de maldade.Um dia todas as convicções de Zizo parecem ruir ao se deparar com Eneida, a consciência contemporânea e completamente periférica. As relações de Zizo entram em conflito e todos que fazem parte do jogo festivo do anarquista se manifestam de forma egoísta. O conflito entre o indivíduo e a coletividade se instaura.
30. Persépolis (Persepolis, Direção: Vincent Paronnaud, Marjane Satrapi, 2007) País: EUA/França
Sinopse: Marjane, de oito anos, sonha em ser uma profetisa do futuro, para assim salvar o mundo. Querida pelos pais cultos e modernos e adorada pela avó, ela acompanha avidamente os acontecimentos que conduziram à queda do xá e de seu regime brutal. A entrada da nova República Islâmica inaugura a era dos “Guardiões da Revolução”, que controlam como as pessoas devem agir e se vestir. Marjane, que agora deve usar véu, sonha em se transformar numa revolucionária. Para tentar protegê-las seus pais a enviam para a Áustria.
31. Trainspotting - Sem limites (Trainspotting, Direção: Danny Boyle, 1996) País: Reino Unido
Sinopse: Para escaparem da moderna vida tediosa e do dia-a-dia frustrante de sua cidade, um grupo de jovens resolve se entregar à heroína. As consequências chegam em pouco tempo, e a ruína para eles não será pequena.
32. Terra de Ninguém (No Man's Land, Direção: Danis Tanovic, 2001) País: Bósnia-Herzegovina/Eslovênia/França/Itália/Reino Unido Sinopse: Durante a Guerra da Bósnia, dois soldados, um sérvio e outro bósnio, acabam isolados em uma pequena trincheira, junto com um terceiro soldado, que está caído sobre uma mina - sendo que ninguém pode matar ninguém ali. Todas as partes do conflito ficam completas com a chegada de mais duas pessoas: um representante da ONU, para tentar resolver o impasse, e uma jornalista, para jogar lenha na fogueira.
33. This Is England (Direção: Shane Meadows, 2006) País: Reino Unido
Sinopse: Shaun tem 12 anos e vive com a mãe em uma pequena cidade costeira na Inglaterra, em 1983. Solitário, sofre com a ausência do pai, morto na Guerra das Malvinas. No começo das férias escolares, conhece uma gangue de skinheads, na qual encontra a amizade e os modelos de comportamento que procurava. Numa festa, é apresentado a Combo, skinhead mais velho que acabou de sair da prisão e o adota como protegido. A postura racista do homem impressiona os jovens, mas todos o admiram, e logo a gangue começa a aterrorizar as minorias étnicas da vizinhança.
34. Zeitgeist: Moving Forward (Direção: Peter Joseph, 2011) País: EUA
Sinopse: Zeitgeist: Moving Forward, do diretor Peter Joseph, é um documentário em longa metragem que vai propor uma necessária saída do paradigma monetário sócio-econômico que rege a sociedade em todo o mundo. Este assunto transcende as questões do relativismo cultural e da ideologia tradicional e chega ao âmago dos atributos empíricos da sobrevivência humana e social na terra, extrapolando as leis naturais imutáveis em um novo paradigma de sustentabilidade social chamada "Economia Baseada em Recursos".
35. Feios, Sujos e Malvados (Brutti sporchi e cattivi, Direção: Ettore Scola, 1976) País: Itália
Sinopse: Giacinto (Nino Manfredi) mora com a esposa, os dez filhos e vários parentes num barraco de uma favela de Roma. Todos querem roubar o dinheiro que ele ganhou do seguro, por ter perdido um olho quando trabalhava. A situação fica ainda pior quando ele decide levar uma amante para dentro de casa. Vencedor do Prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes
36. Paradise Now (Direção: Hany Abu-Assad, 2005) País: Palestina
Sinopse: Amigos de infância, os palestinos Khaled (Ali Suliman) e Said (Kais Nashef) são recrutados para realizar um atentado suicida em Tel Aviv. Depois de passar com suas famílias o que teoricamente seria a última noite de suas vidas, sem poder revelar a sua missão, eles são levados à fronteira. A operação não ocorre como o planejado e eles acabam se separando. Distantes um do outro, com bombas escondidas em seus corpos, Khaled e Said devem enfrentar seus destinos e defender suas convicções.
37. Macunaíma (Direção: Joaquim Pedro de Andrade, 1969) País: Brasil
Sinopse: Macunaíma é um herói preguiçoso, safado e sem nenhum caráter. Ele nasceu na selva e de preto, virou branco. Depois de adulto, deixa o sertão em companhia dos irmãos. Macunaíma vive várias aventuras na cidade, conhecendo e amando guerrilheiras e prostitutas, enfrentando vilões milionários, policiais, personagens de todos os tipos.
38. Tiros em Columbine (Bowling for Columbine, Direção: Michael Moore, 2002) País: EUA
Sinopse: Documentário que investiga a fascinação dos americanos pelas armas de fogo. Michael Moore, diretor e narrador do filme, questiona a origem dessa cultura bélica e busca respostas visitando pequenas cidades dos Estados Unidos, onde a maior parte dos moradores guarda uma arma em casa. Entre essas cidades está Littleton, no Colorado, onde fica o colégio Columbine. Lá os adolescentes Dylan Klebold e Eric Harris pegaram as armas dos pais e mataram 14 estudantes e um professor no refeitório. Michael Moore também faz uma visita ao ator Charlton Heston, presidente da Associação Americana do Rifle.
39. Clube da Luta (Fight Club, Direção: David Fincher, 1999) País: EUA
Sinopse: Um explosivo sofredor de insônia (Edward Norton) e um carismático vendedor de sabonete (Brad Pitt) canalizam agressão primitiva masculina transformando-a em uma nova e chocante forma de terapia. Seu conceito pega, e formam-se diversos clubes da luta clandestinos em cada cidade, até que uma mulher sensual e excêntrica (Helena Bonham Carter) entra na jogada e desencadeia uma situação fora de controle rumo ao caos.
40. Educadores (Die Fetten Jahre Sind Vorbei, Direção: Hans Weingartner, 2004) País: Alemanha
Sinopse: Três jovens idealistas realizam protestos pacíficos, invadindo a casa de pessoas ricas para trocar os móveis de lugar e deixar mensagens de protestos. Numa de suas ações um deles esquece um celular, o que faz com que tenham que retornar ao local no dia seguinte. Porém o que eles não contavam era em encontrar presente o dono da casa.
41. Religulous (Direção: Larry Charles, 2008) País: EUA
Sinopse: Ator cômico e apresentador de TV, Bill Maher decidiu viajar pelo mundo entrevistando diferentes pessoas, de distintas religiões, para falar sobre Deus e religião. Conhecido por sua habilidade e astúcia analítica, além de sua graça irreverente e comprometimento em nunca perder uma piada, Maher consegue arrancar de seus entrevistados as respostas mais incomuns.
42. Domingo Sangrento (Bloody Sunday, Direção: Paul Greengrass, 2002) País: Reino Unido/Irlanda do Norte
Sinopse: O dia é 30 de janeiro de 1972. Na cidade de Derry, na Irlanda do Norte, os cidadãos saem em passeata pelos direitos humanos. Sem motivo aparente, soldados britânicos atiram e matam 13 pessoas desarmadas e, a princípio, sem qualquer conexão com o IRA, o grupo que luta pela libertação da Irlanda do Norte. Esse episódio é conhecido como Domingo Sangrento e marca o começo do conflito que transformou-se em guerra civil, com muitos atos de violência e terrorismo. O filme acompanha, em estilo seco e realista, a vida de quatro homens envolvidos em ambos os lados do conflito.
43. Pra Frente Brasil (Direção: Roberto Farias, 1982) País: Brasil
Sinopse: Em 1970 o Brasil inteiro torce e vibra com a seleção de futebol no México, enquanto prisioneiros políticos são torturados nos porões da ditadura militar e inocentes são vítimas desta violência. Todos estes acontecimentos são vistos pela ótica de uma família quando um dos seus integrantes, um pacato trabalhador da classe média, é confundido com um ativista político e "desaparece".
44. Eles Não Usam Black-Tie (Direção: Leon Hirszman, 1981) País: Brasil
Sinopse: Em São Paulo, em 1980, o jovem operário Tião e sua namorada Maria decidem casar-se ao saber que a moça está grávida. Ao mesmo tempo, eclode um movimento grevista que divide a categoria metalúrgica. Preocupado com o casamento e temendo perder o emprego, Tião fura a greve, entrando em conflito com o pai, Otávio, um velho militante sindical que passou três anos na cadeia durante o regime militar.
45. Hunger (Direção: Steve Macqueen, 2008) País: Reino Unido/Irlanda do Norte
Sinopse: Violento, dramático, controverso, apaixonante e profundamente emotivo, “Hunger” é uma experiência multi-sensorial que nos dá uma visão da Greve de Fome do IRA, mais concretamente dos últimos meses de vida de Bobby Sands na prisão de Maze em Belfast, na Irlanda do Norte do início dos anos 80. Grande parte do filme desenvolve-se numa sucessão de planos longos que sugerem verdadeiras “pinturas”. Submerso em tanta tragédia, em termos visuais, é absolutamente deslumbrante. Parco em palavras, realçando até a solidão nas celas, o filme transmite de forma absolutamente tangível as várias formas de violência e protesto de que eram alvo os prisioneiros republicanos, capazes de passar quase cinco anos apenas com um cobertor como roupa, sem tomar banho e rodeado de paredes cobertas de excrementos e comida podre. Enquadra também magistralmente o declínio físico atroz de Sands durante os 66 dias em que se recusou a ingerir alimentos, numa impressionante entrega do ator Michael Fassbender.
46. Em Nome do Pai (In the Name of the Father, Direção: Jim Sheridan, 1993) País: Irlanda
Sinopse: Em 1974, um atentado a bomba produzido pelo IRA (Exército Republicano Irlandês) mata cinco pessoas num pub de Guilford, arredores de Londres. O filme conta a história real do jovem rebelde irlandês Gerry Conlon, que junto de três amigos, é injustamente preso e condenado pelo crime. Giuseppe Conlon, pai de Gerry, tenta ajudá-lo e também é condenado, mas pede ajuda à advogada Gareth Peirce, que investiga as irregularidades do caso.
47. Antes da Chuva (Before The Rain, Direção: Milcho Manchevski, 1994) País: Macedônia
Sinopse: Uma Macedônia dilacerada pela guerra serve como pano de fundo para três narrativas: 'Palavras', na qual monge se apaixona por garota refugiada; 'Rostos', em que fotógrafa se vê dividida entre marido e amante; e 'Imagens', que mostra o retorno do premiado fotógrafo Aleksander à sua nativa Macedônia.
48. Koyaanisqatsi - Uma Vida Fora de Equilíbrio (Koyaanisqatsi, Direção: Godfrey Reggio, 1982) País: EUA
Sinopse: Uma obra-prima cinematográfica tão extraordinária que é um deleite para os sentidos, um estímulo para a mente e que acaba por "redefinir o potencial da arte de fazer cinema"(The Hollywood Reporter). O consagrado diretor Godfrey Reggio, o inovador diretor de fotografia Ron Fricke e o compositor ganhador do Globo de Ouro* Philip Glass criaram este "filme mágico, tão rico em beleza e detalhes que a cada vez que o assistimos, ele se torna um filme novo e diferente" (Leonard Maltin). "Único... profundo... magnético e instigante"(Boxoffice), Koyaanisqatsi contrasta a tranqüila beleza da natureza com o frenesi da sociedade urbana contemporânea. Reunindo imagens de tirar o fôlego a uma premiada e eloqüente trilha sonora, é um trabalho "original e fascinante" (People) - "um dos maiores filmes de todos os tempos" (Uncut).
49. Revolução dos Bichos (Animal Farm, Direção: John Halas, Joy Batchelor, 1954) País: Inglaterra
Sinopse: Desenho animado produzido na Inglaterra que faz adaptação do clássico de George Orwell, a obra que narra a história do fazendeiro Jones, um homem beberrão e cruel que explora seus animais. Revoltados com seu proprietário, os animais se organizam e tomam posse das terras, passando a controlar o lugar e decretando uma série de novas regras. Os porcos, no entanto, querem uma sociedade ideal por meio da opressão, o que faz surgir uma revolução.
50. Ônibus 174 (Direção: Felipe Lacerda, José Padilha, 2002) País: Brasil
Sinopse: Uma investigação cuidadosa, baseada em imagens de arquivo, entrevistas e documentos oficiais, sobre o seqüestro de um ônibus em plena zona sul do Rio de Janeiro. O incidente, que aconteceu em 12 de junho de 2000, foi filmado e transmitido ao vivo por quatro horas, paralisando o país. No filme a história do seqüestro é contada paralelamente à história de vida do seqüestrador, intercalando imagens da ocorrência policial feitas pela televisão. É revelado como um típico menino de rua carioca transforma-se em bandido e as duas narrativas dialogam, formando um discurso que transcende a ambas e mostrando ao espectador porque o Brasil é um país é tão violento.
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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Arte & Psicologia: Ensaio Fotográfico Sobre o Mar: "O Mar , o Amor e ...

Arte & ; Psicologia: Ensaio Fotográfico Sobre o Mar: "O Mar , o Amor e ...:

 Por Rosangela Brunet
Praia do Pontal-Rio de Janeiro



Olhando aquele mar esperava um milagre, e as trovoadas da razão encharcavam as estradas molhadas de sonhos esquecidos no caminho que deixara pra trás; e o brilho das estrelas colando a pele de esperança que evitava viver, perseguidas pelas surpresas rosadas raiando de amanhecer , chegando todos os dias de saudades cansadas, rasgando naturezas erradas, esperando anoitecer. Tudo que ela queria era ver de novo aqueles olhos na sua frente.Derretendo presença com fagulha brilhantes na sombra que passara.Tudo que ansiava era a certeza daquele doce coração escapando de um céu escuro atormentado e esperando a calma da manhã.Seria uma esperança deslizando destinos cadentes, surpreendendo o horizonte, paralisando o infinito, desvendando o inesperado, alinhavando algum rasgo imediato de sonho realizado.A cena era como um um teatro silencioso esperando o fim chegar, levando a agonia apontada pelas rotas perdidas e interrogações mal respondidas.Olhos vazios, vozes caladas, movimento perdidos, corpos perdidos e cenários vestidos.Modernas construções na frente dela anunciava o vazios de ausências ,sugestionando o término de mais uma estação que ela insistia em preservar. Abria pontos sem explicar, invulgar. Assistindo os fragmentos que ficaram para lembrar o invisível céu azul que se foi.Ondas agora se aproximavam bem devagar, e os pés que desistiram vagavam misturando-se com as sondas e sua força enfraquecida deixava ali,agora, sua história jamais ouvida. 
"Há mulheres que trazem o mar nos olhos.
Não pela cor. Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes e calmaria "
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN, in OBRA POÉTICA (Ed. Caminho, 2010)


  

Quem quer passar além do Bojador tem que passar além
da dor. Deus deu ao mar o perigo e o abismo , mas nele (também) é que espelhou o céu." Fernando Pessoa


O Cabo do Bojador era um cabo muito temido pelo desaparecimento de muitas embarcações. No contexto desse poema "além do bojador" significa ir além do que mais se teme, aquele que enfrenta o medo,e tem coragem. Naquela época, navegar no cabo bojador era morte na certa."Davi Chão







"Mas o mar está preso em correntes, e é preciso por ele lutar!Mas a terra foi escravizada, e é preciso por ela lutar!
Mas o amigo foi ludibriado, e é preciso por ele lutar!"(Vinícius de Moraes)



Ela foi encontrada! Quem? A eternidade. É o mar misturado Ao sol. Minha alma imortal, Cumpre a tua jura Seja o sol estival Ou a noite pura. Pois tu me liberas Das humanas quimeras,Dos anseios vãos !Tu voas então...— Jamais a esperança. Sem movimento. Ciência e paciência, O suplício é lento.Que venha a manhã,...Ela fo...i...... encontrada!Quem? A eternidade.É o mar misturado Ao sol." Arthur Rimbaud

"Sempre que entro em um táxi no Rio de Janeiro, o motorista me pergunta:— Vamos pela praia?Eu não questiono se o caminho será mais longo ou mais curto, digo sim.Não ligo meu GPS para acompanhar. Não avalio a rota, não procuro me mostrar íntimo das ruas para reduzir o valor da corrida.Automaticamente digo sim. Intuitivamente digo sim.(Sou ) desprovido de horizonte marítimo, não tenho como negar. Não tenho como me opor ao luxo libertino das águas.Acho que ninguém desfruta da coragem de recusar o convite de seguir pela orla. Nenhum turista enfrentará a tentação.
O taxista carioca se aproveita da paisagem. Ruma por Copacabana, ruma pela Barra, por onde as ondas quebram, por onde as ondas cochicham segredos e ostras.Ele pode estar me roubando, pode estar se valendo do meu total desconhecimento da cartografia.Azar, dou de ombros à pequeneza. Minha ânsia é pela vastidão da areia. Pela liberdade dos navios. Pelo voo rasante dos pássaros.Não há como recusar a praia. Mesmo que faça chuva, mesmo que as nuvens sequestrem o Cristo Redentor, mesmo que a neblina engula o Pão de Açúcar.
A maresia me seduz. O mar perdoa minha avareza.
Todas as casas correm para a praia. Todos os prédios do Rio de Janeiro desembocam na praia. A praia é o único acesso permitido ao devaneio.
Assim é o amor. Vou pela praia. Não me importo de chegar depois. Não reclamarei das dificuldades do trânsito, da lentidão dos motoristas, da bandeira 2, da taxa de bagagem.
Não ficarei reparando se gastarei mais do que possuo. Não ficarei controlando se serei enganado ou traído. O que não quero perder é o oceano me acenando. Não quero extraviar as grinaldas imaculadas da maré e as luzes se multiplicando na superfície azulada.
Não ficarei sofrendo com hipóteses, não me colocarei como refém do repuxo, vou pela praia.
Não ficarei me prevenindo da dor, sonegando promessas, evitando cobranças, tentando diminuir a expectativa de eternidade da relação. Não me enganarei com a bula, não usarei feridas antigas para me censurar.Vou pela praia. Aviso a minha mulher que nunca iremos nos separar. Assumo o risco: fé é amor entre duas pessoas, já ternura sozinha é melancolia.
Vou pela praia. Amar é ir pela praia. É dar uma volta imensa em nossa vida para nadar nos olhos do infinito."Fabrício Carpinejar
Antes não ia à praia por indolência e também porque lhe desagradava a multidão. Agora ia sem preguiça às cinco da manhã, quando o cheiro do mar ainda não usado a deixava tonta de alegria. Era a maresia, palavra feminina, mas para Lóri o cheiro maresia era masculino. Ia às cinco horas da manha porque era a hora da grande solidão do mar. Às vezes passava pela calçada um homem passeando o seu cachorro, só isso. Como explicar que o mar era o seu berço materno mas que o cheiro era todo masculino? Talvez se tratasse da fusão perfeita.
- Clarice Lispector em Aprendizagem ou o Livro dos prazeres


O esquecimento, freqüentemente, é uma graça. Muito mais difícil que lembrar é esquecer! Fala-se de “boa memória”. Não se fala de “bom esquecimento”, como se esquecimento fosse apenas memória fraca. Não é não.Esquecimento é perdão, o alisamento do passado, igual ao que as ondas do mar fazem com a areia da praia durante a noite.- Rubem Alves 



Os mares que me atravessam chegam cheios de paz , navegando calmaria trazendo milagres nas águas que me amanhecem. Eles deslizam delicadamente meu coração brilhando estrelas marinhas. Mas eu prefiro os mares atormentados pelas tempestades.Nesse eu navego mergulhando oceanos profundos.Largo a resistência e recuso qualquer submissão.
É a hora de ser livre da razão.Força motriz seduzindo a criação.E,nesse instante , as trovoadas encharcando minhas veias molhadas, cheias de sonhos esquecidos, abre-se um caminho na estrada que deixei para trás .
Sigo sem sentido brilhando estrelas que colam minha pele cheias de esperanças que eu evitava viver. E, perseguida de surpresas anoitecidas, meus horizontes vão raiando de amanhecer. E nessa estranha tempestade, rasgando minha natureza distorcida , o anoitecer que eu esperava adormece naquelas ondas; espumando beleza, errando as saídas , fugindo de mim pelas portas de emergências, pulsando as forças mais belas que me brotam eternas.
E,nessa presença os raios se derretem brilhantes, e nessa sombra que aparece se torna mais claro ainda que as marés me permanecem..Ali não anseio por certezas , pois se escapei de um céu escuro, atormentado de chãos anoitecidos, pra que evitar a dúvida ? Porque desejar o seguro?
Sei que sempre no meio das tormentas as esperança deslizam destinos, paralisa o infinito , desvenda o inesperado, alinhava o inevitável, rasga o imediato e realiza os sonhos mais esquecidos .É como um cena silenciosa esperando o fim do ato; levando embora a agonia que apontava para rotas perdidas, resolvendo interrogações mal respondidas , olhando os vazios, nominando as vozes caladas, movendo as energias perdidas e resgatando os futuros que se distanciaram de mim.Como construções anunciam as ausências sugestionando que terminou mais uma estação que eu insistia em preservar.Abrem-se pontos sem explicações , buscas vulgares se transformam em conforto .
E, nesses curso das águas, ali eu assisto calada os fragmentando dos revezes invisíveis que a noite escura me deixou.E , meus pés,que antes devagar desistiram e vagavam misturados pelas rotina das calmarias, agora escreve ali uma nova história jamais ouvida.
E , agora ando transbordando para desaguar nesses mares.E cá entre nós, haja mares para esse meu rio. Me livrando das molduras, renunciando as certezas, desinformando os conceitos , reeditando os pensamentos, rompendo meus limites, saindo dos enquadramentos equivocados. Me afastando das imposições desrespeitosas e, editando minha nova história . Liberdade e responsabilidade é meu chão de amor com um sonho na mão atravessando as estradas e isso abre janelas que nunca ousei imagina

sábado, 1 de novembro de 2014

Interestelar: há lágrimas além das estrelas






Christopher Nolan inova a ficção científica e faz a plateia chorar com a Teoria da Relatividade, de Einstein
Por Ivan Martins

01/11/2014 10h02



As primeiras cenas de Interestelar mostram a Terra exaurida. Tempestades de areia assolam o campo, cobrem a paisagem e as pessoas de poeira. Num futuro próximo, a natureza deixou de ser pródiga e a humanidade encolhe e definha, vulnerável. Não parece haver esperança. Nesse cenário devastado, apresentam-se o herói – Cooper, um piloto tornado fazendeiro – e sua família. Eles estarão no centro da trama durante mais de duas horas e meia de projeção, separados por uma barreira intransponível, a Teoria da Relatividade, de Albert Einstein. Ele mostrou que a vida no espaço, a velocidades astronômicas e condicionada por forças gravitacionais extraordinárias, é regida por outra realidade temporal. Essa ideia sempre fascinou os diretores de cinema, mas nunca, até agora, fora usada com efeito dramático tão espetacular. Para fazer chorar. É como se o diretor Christopher Nolan fosse o primeiro a filmar um homem caindo de um prédio para mostrar o efeito emocional da lei da gravidade. Assustador e inesquecível.

Interestelar é um filme de enorme ambição e realização grandiosa. Seu orçamento farto, estimado em US$ 200 milhões, permitiu locações improváveis na Groenlândia, a construção de três naves espaciais em tamanho quase natural e a reunião de um elenco estelar. Matthew McConaughey é Cooper, em mais um trabalho de ator maduro. Jessica Chastain, como sua filha Murphy, embeleza e comove. Anne Hathaway, a cientista Brand, está discreta. O papel de pai dela coube a um dos atores favoritos de Nolan, o velho Michael Caine. O diretor se dá ao luxo de usar Matt Damon num papel secundário, assim como de dispensar efeitos especiais. Seus atores se movem em tempestades de neve reais, pilotam naves e cenários que sacodem e interagem com robôs reais, interpretados por um ator especializado em dar vida a objetos inanimados. “Quanto mais filmes você faz, mais confiante se torna em experimentar com aquilo que tem”, diz Nolan, diretor da milionária trilogia Batman e do bem-sucedido Origens. “Apenas experimentando você consegue encontrar soluções diferentes.”

A experimentação com hipóteses científicas e efeitos especiais é a marca dos filmes de ficção científica – e o futuro, seu elemento crucial. Desde 1960, quando o diretor inglês George Pal contou a história do lorde inglês que viaja ao futuro em A máquina do tempo(leia o quadro ao lado), esse virou um tema obsessivo do cinema. Há algo de mágico na possibilidade de escapar de um presente claustrofóbico para uma utopia de máquinas cintilantes. Ou ele colocar na tela uma distopia sombria que faça a audiência repensar suas ações e seu planeta no presente. Dentro desses limites, a ficção científica, abastecida pela melhor ciência disponível, tornou-se um lugar privilegiado para pensar o destino humano. É o último reduto da utopia, assim como a Cassandra que alerta para os riscos que assomam no horizonte. Interestelar tem o pé nas duas tradições. Começa com a Terra à beira da extinção e aponta para os desafios científicos das viagens interestelares. Faz isso sem tirar os olhos daquilo que cativa as audiências: amor, família, sacrifício. Lembra Steven Spielberg, sem os exageros sentimentais.


(Fotos: AFP (5) e divulgação)

As grandes referências para Interestelar são dois filmes adorados pelos fãs de ficção científica: 2001 – Uma odisseia no espaço, de 1968, e Contato, de 1997. Do primeiro, Nolan bebeu a atmosfera espacial e certo clima lisérgico para descrever as alterações do espaço e do tempo, além das interações inquietantes entre homens e computadores. De Contato, extraído de um livro do físico Carl Sagan (1934-1996), emerge o protagonismo de ciência e cientistas na história. De mulheres, sobretudo. Nolan quer nos convencer de que não estamos diante de meras fantasias, mas de extrapolações plausíveis a partir de sólidas teorias da física. O roteiro eletrizante, escrito por ele e por seu irmão Jonathan Nolan, foi concebido com a ajuda do físico teórico Kip Thorne, que já trabalhara como consultor em Contato. Há buracos negros, buracos de minhoca, tempo-espaço e outros elementos da astrofísica moderna. Soa convincente.

Nolan disse em algum momento que gostaria de estimular as viagens espaciais. Seu filme passa uma mensagem otimista de volta ao espaço. Nos últimos anos, a ficção científica foi sequestrada por visões extremamente negativas do futuro. De Jogos vorazes (2012) a Oblivion (2013), desfilam cenários de destruição física e espiritual. A Terra do cinema perdeu o rumo e parece fadada ao naufrágio solitário, em meio ao cosmo indiferente. Interestelar recusa essa direção. Recupera para o futuro o sentido épico das viagens ao espaço e da exploração científica. Põe no centro da trama homens capazes de resolver problemas monumentais, mesmo ao custo de sacrifícios irreversíveis. Numa metáfora histórica de longo alcance, Nolan busca nas paisagens devastadas dos Estados Unidos do tempo da Grande Depressão a inspiração estética para seu planeta agonizante. A sugestão é clara: há esperança, é possível recomeçar, reconstruir e avançar em direção às estrelas. Ou, pelo menos, tentar. Se o recado de resistência ainda não estiver suficientemente claro, o poema “Do not go gentle into that good night”, do galês Dylan Thomas, repetido ao longo do filme, sublinha o essencial: "Não entre tão docilmente nessa noite boa.Que a velhice arda e brade ao término do dia.Luta, luta contra o apagar da luz que finda."

Fonte :http://epoca.globo.com/vida/noticia/2014/11/interestelar-ha-blagrimasb-alem-das-estrelas.html

Eu

Por Rosangela Brunet "O meu mundo não é como o dos outros: quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia...