quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Uma Face Diferente de Sebastião Salgado

(...) Não existe amor demais, existe amor necessário, amor essencial, amor crescendo.Não existe amor demais, existe amor e ponto. Amor com sua lógica incoerente, seu pulmão de coração, sua febre ansiosa.Amar demais é amar sofrendo como todos que amam. É amar inseguro como todos que amam. É amar desconhecendo as fronteiras como todos que caminham com a boca.
Amar não tem régua de abraço, não tem bafômetro de beijo. Não há como dizer que um ama mais do que o outro, ou que um ama pelo outro.Os amores se misturam quando se ama. Os amores não param de se transferir. Os amores não cessam de recomeçar.O amor é uma saudade que não se contenta em chegar. É — ao mesmo tempo — o medo de não ser mais ninguém e a alegria de ser tudo.
O amor não é um gesto isolado, impreciso, parado. É um gesto contínuo.
Amor é velocidade. Não conheço jeito de fotografar o amor, e definir: — Este é o seu tamanho!Amor é desobediência. Não conheço jeito de estancar o amor, e declarar: — Este é o seu limite!Amar demais é amar correndo com o batimento. É jurar que o mundo vai terminar se o amor terminar. É querer morrer de tanto viver. É nascer brigando e dormir beijando.É amor, e deu, não inventaram modo mais calmo, versão reduzida, plano controlado.
Amor é uma paz ensandecida, uma guerra calma, uma curiosidade insaciável.Amar demais não deveria assustar. É como impor cor ao crepúsculo, intimidar a mancha luminosa da lua, censurar um pássaro no alvorecer, trancar o rebanho de estrelas no estábulo de uma nuvem.Amar demais é querer mais do mesmo amor, é se fartar e sempre faltar, é encontrar procurando, é achar se perdendo, é abençoar amaldiçoando.
Amar demais não tem uma imagem tranquilizadora, um objetivo, uma linha de chegada.Amar demais não tem controle, pedágio, fiscalização. É realmente assustador. É realmente terrível.
Amar é demonstrar e não se contentar, é repetir e ainda ser inédito, é se arrepender já em pensamento.Amar é escolher e não se acomodar, é cumprimentar uma vez e jamais se despedir.
Não há amor errado, mas amor aprendendo.Não há amor demais. É amar como nunca antes. É amar transbordando vento e virando caminho.Amar demais é amar. Será doação, entrega, não se controla o que foi oferecido, não se cobra de volta.Se alguém diz que você ama demais, peça uma carta de recomendação."Fabrício Carpinejar 


Fotografia :Sebastião Salgado and Lélia Wanick SalgadoSebastião Salgado and Lélia Wanick Salgado Sebastião Salgado and Lélia Wanick Salgado

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